sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sobrevivencia Desesperada- Capitulo 8

Nara On

  Estava aterrorizada aquilo foi horrível. Tudo bem, não gostava muito do Lester, ele sempre foi meio estranho, mas... o sangue... o corpo mutilado dele... foi demais para mim, e só não comecei a chorar por conta da adrenalina que corria no meu corpo quase tão rápido quanto nós. Resolvemos correr pela mata, mas perto do litoral, apenas contornando a ilha, já que sapos nadam muito melhor que andam, então se fossemos pela a água seria pior
  Corremos até não conseguirmos mais ver ou ouvir os sapos, e a aquela altura, já estávamos do outro lado da ilha e meus pulmões pareciam estar em chamas, mas pior é que o som dos gritos do Lester ainda ecoavam na minha cabeça. Paramos um pouco para tomas folego e ter certeza que despistamos eles, mas ao que parecia eles tinham ido para outro lugar ir atrás de outra vitima.
  - Acho que... que já nos...nos afastamos dele- Matew falava ofegante. Ele deveria ser o mais cansado já que não teve só que correr como que carregar a Emy, que não conseguia nem se manter de pé, quanto mais correr.
  - Isso é bom- Viller falou e olhou para o mar- Acho que... Acho que seria melhor se... se fossemos para a outra ilha
  Ninguém se sentia muito disposto, mas também ninguém reclamou, então resolvemos descansar um pouco, uns 5 minutos, e começamos  entrar na água. Apesar da água quente, era de certa forma relaxante, e eu me senti bem mais disposta, assim como muitos outros demonstravam, mas então eu notei. Coliz estava na beira da água, olhando para as ondas que chegavam a praia com certo medo, e seu rosto parecia quase tão ruim quanto o da Emy. "Qual é o problema dela?" pensei " Ela é do 4! Agua, areia e o mar deveria ser uma coisa otima para ela, não?", mas não era o que parecia.
  - Tudo bem, Coliz?- perguntei e me aproximei dela
  - Hum... Sim, tudo... é que, hum...- ela falava meio embolada e com um sorriso que mais parecia uma careta
  Ela olhou para o Viller com uma cara chorosa como se pedisse algo, era como se eles estivessem conversando mentalmente, mas eles eram do mesmo distrito, então deviam intender... eu acho...
  - Precisamos ir, Coliz- Matew falou e colocou a mão sobre seu ombro- É só água. Aquele tempo passou.
- Não... eu não.... eles...-ela falava agora parecendo mais desesperada
- Você tem que esquecer, que superar isso- Viller falou
  Okay, o Viller intender a Coliz é uma coisa, mas ele e o Matew incentivando ela como se soubessem porque ela estava assim era completante diferente. O que que eu perdi? Matew e Coliz se dando bem? E ela com medo de água? Tá, não intendi nada. Mas não gostava de ver ela daquele jeito, e tinha me entrosado muito com a Coliz, me sentia responsável por ajudar ela
  Peguei o braço dela e comecei a puxa-la devagar até a água em quanto cantava baixinho uma musica antiga e muito conhecida no meu distrito, que falava sobre um pássaro que foi preso em uma armadilha e que começou a cantar até morrer. Okay, não era uma musica muito bonitinha, mas a melodia era acalmante, bonita e era a unica que lembrava na hora. Nunca gostei de cantar e nunca achei que cantasse bem, mas minha mãe cantava quando eu estava triste ou com medo e me acalmava, então achei que tentar talvez ajudasse. E acabou dando certo, porque logo ela estava me segundo e me observando, quase como se estivesse em transe, andando com todos nós.
  Mesmo que para andar de uma ilha até a outra não fosse difícil, já que o mar chega só até meu peito (e eu não sou muito alta) e que não tinha nenhuma onda, mas o caminho era um pouco longo e a areia fazia a caminhada ficar mais difícil, mas pelo menso não precisava nadar, já que nunca aprendi. Quando estávamos quase chegando a praia da outra ilha, Viller fez um sinal para que todos parassem e começou a olhar em volta, assim como a Coliz.
  - A correnteza esta mais forte- Viller falou um pouco baixo- Está começando a formar ondas
  - Tem alguma coisa na água- Coliz falou e começou a tremer, e sua voz saiu estranha e fina
  Coliz agora que segurou meu braço e começou a correr e nadar o mais rápido que conseguia com puro panico estampado em seus olhos, me arrastando para fora da água, em quanto Viller nadava carregando a Emy e ajudava o Matew a ir mais rápido. No começo não intendi por que tanto desespero, achava ser apenas um peixe, mas acontece que quando estávamos a uns 20 metros de chegar a margem da outra ilha , alguma coisa emergiu não muito longe de nós de nós e soltou um som estranho, assemelhado a um rugido e um rosnar.
  Me virei e dei de cara com um monstro que só o corpo era do tamanho de um ônibus, e o pescoço o deixava ainda mais alto. Sua cabeça reptiliana lembrava uma cobra com chifres, e com vários dentes a mostra ele pareciam capaz de rasgar até a alma. Uma vez meu pai me mostrou um livro que contava uma historia antiga sobre um tal de "monstro do lago Ness", e pelas imagens, se ele tivesse existido com certeza seria como aquela coisa. Coliz e Viller a não pararam e nadaram ainda mais rápido nos arrastando até a praia, mas mesmo assim o monstro era mais rápido e estava começando a nos alcançar. Quando chegamos a praia corremos para a mata, e eu senti a garra do monstro passar pelas minhas costas. Olhei para traz e lá estava ele. nos encarrando com os enormes olhos laranjas furiosos, rugindo e tentando nos alcançar, mas ele não conseguia sair da água, a areia fazia seu corpo afundar na margem ada praia, suas nadadeiras com coisas que pareciam garras apenas conseguia jogar areia para todos os lados, os rugidos não estavam ajudando, estava encalhado. Logo ele começou a se agitar mais e consegui voltar para água, depois desapareceu no mar, ficando invisível lá em baixo por conta das escamas verdes e azuis meio transparentes que o cobriam.
  - Foi por pouco- Falei
  - Pois é. Caramba, aquela coisa abriu um rombo na sua roupa- Viller falou
  Olhei para a parte de traz da minha roupa e realmente o monstro tinha aberto um corte que atravessava minhas costas, fazendo um corte não muito fundo que começava no meu ombro e terminava na altura da minha cintura atravessando as costas,  areia e o sal da água faziam o corte arder.
  - Bestantes... Pássaros... Ondas... Morte... A dor... Parem...- Coliz falava baixinho com uma cara realmente assustadora, como se ela tivesse enlouquecido, as vezes soltando um leve grito e se encolhia no chão.
  Foi necessário meia hora de conversa calma, atenção e reconforto apenas faze-la se levantar e voltar a andar. Ainda conseguiamos ver olhos alaranjados brilhantes no mar quando partimos. Caminhamos para dentro da selva em silencio, ninguém estava afim de falar, e o único barulho que ouvíamos eram nossos passos, o vento quente agitando as folhas das arvores e algumas ocasionais palavras sem sentido que a Coliz falava, a mesma coisa que falou na praia, como "bestante", "Mar" e perincipalmente "Dor", o que não ajudava muito para aumentar o o animo, então fiquei do lado dela, segurando sua mão, acariciando seu rosto sempre que ela voltava a falar desorientada, a fazendo parar.
  O sol começou a se por e nós resolvemos acampar em algum lugar, já que logo não conseguiríamos ver nada e a Emy parecia ter piorado. Arrumamos nossas coisas e em quanto comíamos, a insignia da capital apareceu no céu escuro sem estrelas, seguido pelo rosto do Lester e o ino de Panem, depois o céu voltou a ficar escuro
  - Quantas pessoas ainda estão vivas?- Viller perguntou de repente depois de um tempo
  - Seis- Coliz falou pela primeira vez depois que seu estado de panico passou- os quatro carreristas, a garota do 6 e um cara do 9. Onze se contar com agente.
  - Então sobrevivemos até a metade dos jogos. uhuuul- Viller falou com sarcasmo
  - Bem, fiquei mais do que eu esperava- falei não muito alto
 Não falamos muito depois disso, porque ninguém sabia o que falar e nem queria, já que a Coliz não parecia disposta a falar do monstro e a morte do Lester foi simplesmente horrível. Nos preparamos para dormir, deixando Viller e Matew de guarda, já que fizeram questão e diziam-se sem sono, eu me aconcheguei no meu saco de dormir, tentando esquecer os gritos que ainda ecoavam nos meus ouvidos, e depois de muito esforço, acabei dormindo
  Não dormi muito, isso eu tenho certeza. Acordei meio tonta por conta do sono e assustada por conta da faca que quase tinha acertado minha cabeça.

Nara Off


Matew On


  Como se o dia já não tivesse sido horrível, com a visão daquele garoto sendo mutilado, o ataque do monstro e a decadência da Coliz, parecia que os idealizadores dos jogos não estavam satisfeitos.
Me sentei não muito longe de onde os outros estavam deitados, ao lado do Viller e ficamos lá em silencio. A selva ainda estava  cheia de barulhos estranhos, mas dessa vez pareciam mais tranquilos, mais baixos, e um pouco menos que na maioria das vezes. Ficamos um bom tempo lá sem fazer apenas olhando a escuridão quando ouvi alguma coisa dentro da selva, um som que não era como os chiados que geralmente ouvia, eram passos. Me levantei e junto com Viller, começamos a prestar mais atenção. Realmente pareciam passos, não muito longe, que mesmo não sendo tão altos, não era tão difícil de notar. Começamos a procurar pelos donos dos passos sem nos distanciar muito do acampamento, com minha lança e dois daqueles bumerangues com lamina, e Viller com seu tridente.   Depois de um tempo procurando o som dos passos sumiu, o que me fez ficar mais desconfiado e aleta. Não acho que uma coisas dessas possa sumir do nada. Olhei para Viller para perguntar se ele achava melhor voltar para o acampamento, já que assim poderíamos proteger o pessoal melhor, quando vi que acima dele, um arbusto em cima de uma enorme rocha atras dele começou a se mexer
  -Cuidado!- gritei e o empurrei para longe
  Bem a tempo, porque de lá pulou um garoto não muito pequeno e magrelo com cabelo cor de palha com uma lança que quase atingiu ele. Fiquei tão concentrado no garoto que não me dei conta de que uma garota se aproximou atras de mim com uma outra espada. Por sorte, a garota acertou minha cabeça com o lado plano da espada, apenas causando uma enorme dor e o que mais tarde se tornaria um galo enorme. Em quanto Viller dava um jeito no garoto magrela, eu lutava com a garota que tentou me atingir, o que não era de todo mal, já que a espada parecia pesada demais para ela e ela não se mostrava boa para usa-la, mas em descompensação ela era boa em se esquivar, e logo estávamos lutando perto do nosso acampamento. Continuei atacando e de vez em quando desviando dos ataquei ruins dela, mas acontece que um ataque ela me pegou de surpresa,porque eu consegui desarmar ela segurando seu braço e jogando a espada longe, mas ela tirou uma faca do sinto e me atacou, cortando minha perna e logo depois me derrubando e me imobilizando no chão com  a cabeça doendo quasse tanto quando minha perna.

 Ela estava ofegante, mas mesmo assim pronta para dar o golpe final, mas assim que assim que ela levantou a faca, uma flecha atravessou seu ombro, fazendo ela gritar de dor e soltar a faca. Aproveitei a oportunidade para sair de debaixo dela já que a garota não era muito pesada ou forte, mas só consegui isso porque estava completamente tonto, talvez por causa que eu bati a cabeça no chão quando cai bem no lugar onde a espada havia me acertado antes. Mas não foi preciso, porque logo vi que Nara que tinha acordado e lançado uma flecha nela, agora lutava com ela com a espada que eu havia tirado da outra garota. A garota continuou lutando ainda com a flecha atravessando seu ombro, seu olhar era selvagem e desesperado, mas ela perdia muito sangue rapidamente e logo acabou caindo no chão desarmada, e assim deixando Nara dar o golpe final que cravou a espada nela. Ela caiu no chão e logo o canhão sinalizou sua morte.
  - Da próxima- Ela começou a falar maio ofegante- tenta jogar a espada um pouco mais longe da minha cabeça- ela falou e eu acabei sorrindo, feliz porque ainda estava vivo.
  Mas durou pouco porque logo ouvi um grito alto. Nara me ajudou a levantar e nós dois saímos correndo ver quem era, tentando não tropeçar já que não víamos quase nada. Conforme fomos chegando mais perto do acampamento, comecei a conseguir ver alguma coisa, mas apenas silhuetas.     Ao longe alguém estava tentando escapar do que parecia uma rede, acho que por conta de uma armadilha, e um pouco mais perto duas pessoas lutavam, mas não durou muito porque um deles enfiou uma lança no outro e saiu correndo, deixando a pessoa atingida cair no chão com um grito meio abafado
  "Não pode ser" pensei correndo mais rapido "ela tem que..."
  Mas assim que cheguei ficou claro quem era quem. Viller e Coliz que acabavam de se soltar da rede, pude ver de relançe o cabelo cor de palha e o magro corpo correndo para longe,  em quanto Emy estava lá estendida no chão com a lança ainda no seu abdomem, sangue escorrendo e ela estava mais pálida do que estava antes
Senti meu coração disparar como uma arma e cai de joelhos do seu lado
  - Emy, eu.... Você...- falei meio embolado. As palavras pareciam presas na minha garganta e a unica frase inteira que consegui dizer foi:- Vai ficar tudo bem... Você vai ficar bem- mas nem eu consegui acreditar nas minhas palavras.
  Com uma mão ela segurou a minha e com a outra ela enxugou meu rosto e só então percebi que chorava
  - Não quero te deixar...- ela falou com a voz abafada e fraca, apertava com força o lugar de onde o sangue escoria com a outra mão- Me desculpa...
  - Você, não vai... eu... eu não vou deixar...- falei ainda tentando fazer as palavras saírem da minha boca
  - Matew- Ouvi alguém do meu lado me chamar e só então percebi que Coliz estava de pé do meu lado- Acho que não... não podemos fazer nada...
- NÃO, NÓS NÃO PODEMOS DEIXAR ELA MORRER! EU PROMETI...- comecei a berrar e então pronunciei baixo- prometi que te protegeria...
  Emy colocou a mão no meu rosto e eu a segurei
  - Pode.... Pode tentar não... Se meter em confusão?- ela falou ainda mais fraca e sorriu
  - Talvez...um dia- falei e beijei a mão dela
  Logo seus olhos se fecharam,  a sua mão se soltou da minha. Ela deu um ultimo suspiro que suou como um "obrigada" abafado e o tiro do canhão se espalhou pelo ar.

Matew Off

Nara On

  A verdade é que nunca presenciei tantas mortes até a arena, não como na arena, mesmo a morte dos meus familiares foi quando eu era bem nova, não lembro de muito, então ver Matew naquele estado, ver Emy indo aos poucos, foi algo que me causou uma dor profunda, não sabia como reagir, como ele reagiria, o qualquer um.
  Ele ficou lá do lado do corpo da Emy por um bom tempo, chorando alto, e eu do lado dele, tentando consola-lo e mesmo que não parecesse grande ajuda, quando tentei me levantar ele me puxou de volta e me olhou e sussurrou algo como "me ajuda". Nós quatro ficamos lá por um bom tempo, eu e Matew chorando perto da Emy, com Viller ajoelhado ao nosso lado com o mesmo rosto que via na maioria dos funerais, uma mistura de tristeza, cansaço, pena e varias outras coisas que não reconheço. Coliz era a unica de pé, que não chorava ou parecia amargurada como Viller, Ela apenas ficou lá, nos observando sem expreção e sem se mexer, e agora suas olheiras pareciam ainda maiores. Só depois de um longo tempo até Coliz colocar a mão sobre o ombro do Matew e dizer maio baixo:
  - Temos que sair daqui- ela falou e olhou para cima- Os aerodeslizadores vão leva-la para casa onde vai ficar melhor do que aqui, e não acho que ele vem se continuamos aqui
  Por mais que fosse doloroso deixa-la, ajudei Matew a se levantar e começamos a nos afastar, mas não precisamos ir muito longe porque logo um Aerodeslizador apareceu do nada, baixou sua garra e levou o corpo de Emy embora. Ficamos lá parados observando o lugar onde antes ela estava como se continuasse ali até que eu consegui dizer:
  - Vamos sair daqui
Começamos a nos afastar e logo percebi que Matew estava mancando muito, e por mais que nós falasse-mos que ele tinha que parar ou que eu podia dar apoio pra ele, ele se recusava e continuava andando com a cabeça baixa. Não andamos muito já que ainda estava escuro e não conseguiamos ver muita coisa, fora o fato de que estávamos todos morrendo de sono, então ficamos de baixo de umas raizes enormes de uma arvore e começamos a preparar as coisas para dormir
  - Okay, eu fasso a primeira ronda - Matew falou
  Mas era obvio que ele estava pessimo, mancando, e parecia prestes a vomitar
  - Não, Math, você precisa descansar! Eu não estou com sono, posso ficar com você e...
  - Nara- ouvi Coliz me chamando atraz de mim- Deixa ele sozinho um pouco
  Olhei para Matew. Era obvio que ele estava péssimo, mancando, parecia prestes a vomitar e de todos parecia o mais cansado, tanto quanto a Coliz que não dormia a uns dias, só dormiu um pouco antes do garoto magro e loiro  e a garota  que eu matei nos atacarem. Mas acima de tudo, e só agora via isso, ele parecia a ponto de ter um colapso de neurismo e de cair no chorro. Acabei concordando e deixar ele de guarda e fomos dormir o pouco da noite que sobrou. Me deitei no saco de dormir, mas depois de um tempo me revirando de um lado para o outro e acordando assustada dos poucos minutos de cochilo que consegui por causa que eu via a expressão da garota que eu matei toda hora me causando grande remorso e tristeza. E se ela tivesse uma irmã e pais que esperassem que ela voltasse para casa? Ela não era exatamente bonita, mas e se ela tivesse um namorado que esperava ela voltar? Aposto que todos eles querem que eu morra agora e esse pensamento me fez desisti de dormir, não consegui para de lembrar do corpo dela jogado no chão, minhas mãos sujas de sangue.

 Aquilo estava me perturbando, me assombrando, quase corroendo, então desisti de dormir e me levantei  andando com calma até o Matew. De longe ele parecia normal, sentado na posição meio largada de sempre, fazendo alguma coisa com algumas folhas e cipós de um jeito meio despreocupado, mas chegando mais perto, era claro que havia chorado, suas mão já estavam vermelhas de tanto fazer nós e construir alguma coisa com os cipós e sua perna estava enfaixada de um jeito estranho que não conseguia retar tanto o sangue que escorria, assim como o sangue que escorria do seu nariz. Me doeu ver seu rosto com uma profunda tristeza, mas os olhos eram vazios, ele tremia levemente, como me doia ve-lo daquele jeito.
  - Posso ficar aqui com você?- perguntei e ele se virou para mim assustado já que levou um susto ao me ouvir
  - Hum.. pode.. claro- Ele falou e sentou mais para o lado, depois olhou para o que estava mexendo antes e deixou de lado para massagear suas mãos
  - O que estava fazendo?- perguntei devagar e me sentei do seu lado
  Ele pegou a coisa e deixou no meu colo, de modo que pude pegar e examinar melhor. Era uma especie de aro não muito grande, mas que dava para usar como colar,feito de cipós e outras plantas, enfeitado com flores vermelhas e folhas felpudas, me lembrando um enfeite de natal que eu vi uma família rica colocar na porta na época do natal (acho que se chamava Garlande... ou Girlanda... alguma coisa do tipo).Tudo foi feito com muito cuidado e parecia tão complicado e até duvidei que tivesse sido ele que fez
  - Geralmente quando alguem morre, colocamos alguma coisa parecida junto com a pessoa que morreu junto no tumulo- ele falou e só então olhou para mim- Na verdade não sabia o que estava fazendo até você chegar.
  - É incrivel- falei, olhando mais um pouco para aquele aro mais um pouco e depois deixando ele do lado do Matew de novo- Ela gosta de vermelho, não é?- perguntei
  - Gosta...- ele falou meio vazio e depois de um longo tempo falou como se estivesse simplesmente falando sozinho- Vou atrás daquele garoto
  No começo não intendi muito bem, mas assim que percebi a amargura na voz dele me virei e segurei seu braço
  - Você não vai fazer isso! Ele deve estar a quilômetros de distancia, e sem falar que pode acabar encontrando um carrerista ao envés dele! Ficou louco?
  - Talvez, mas não vou ficar quieto até que ele esteja morto. Alem do mais, não acho que ele tenha chance de vencer, ou seja, vai acabar morrendo, então apenas quero dar um empurrãozinho com a minha lança.
  - Então deixa ele morre sozinho, droga!
  - Acha mesmo que vai me tirar o prazer de matar ele?
  - Me diga pelo menos que você não vai sozinho! Eu vou com você, mas não vou deixar você se matar assim desse jeito
  - Escuta, não basta perder ela, não vou deixar você morrer...
  - Como se você fosse sobreviver sozinho!
  - Tá me chamando de inutil?
  - Claro que não! Você não é inutil, só que a possibilidade de você morrer é grande se você for sozinho!
  - Como se eu me importasse com isso agora!
  - SÓ PELO AMOR DE DEUS NÃO VAI SOZINHO OU EU JURO QUE VOU TORCER PRA QUELES SAPOS HORRIVEIS TE ACHAREM
  - ELES VÃO ACHAR TODOS NÓS SE VOCÊS CONTINUAREM GRITANDO PRA DEUS E O MUNDO! JURO QUE SE NÃO CALAREM A BOCA VOU MORDER OS DOIS E ARRANCAR SEUS BRAÇOS!- ouvi Coliz gritando para nós e depois soltar alguns palavrões que não consegui ouvir direito
  Acabei rindo por causa disso e até o Matew acabou sorrindo, mas ela tinha razão, se continuássemos gritando, os sapos gigante podiam nos achar facilmente, então acabamos ficando quietos, fazendo comentários vez ou outra até que o sol começasse a nascer e nós termos que acordar Coliz e Viller. Comemos algumas raízes e frutinhas que ainda tínhamos, então Coliz e Matew saíram para caçar em quanto eu e Viller tentávamos apagar as pegadas e sinais de que estivemos lá. Assim que acabamos, Coliz e Matew apareceram segurando dois ratos/coelhos e um pássaro não muito grande mas nem muito pequeno.
  - Foi divertido- Coliz falou ao se aproximar de nós- quase tento quanto caçar pessoas
  - O que raios é isso?- Viller perguntou olhando para o que parecia um rato ou coelho
  - Não fasso ideia, mas ele me atacou e me mordeu- ela estendeu o bicho- E agora ele não tem cabeça
  - Okay... - Viller falou olhando para Coliz com certo medo, já que ela agora sorria de um jeito maniaco- Então guardem isso e vamos sair daqui. Alguém tem alguma ideia de onde podemos ir?
  - Vamos atras daquele garoto do 7- Matew falou sorrindo da mesma maneira que a Coliz, mas de alguma maneira, de um jeito mais assustador
  - De novo isso?- falei já cansada de discutir isso com ele, mas mesmo assim não queria que ele fosse- Já falamos isso e eu repito: VOCÊ-VAI-MORRER, ainda mais se for sozinho! E pouco me importa se você quer mais é morrer agora que ela se foi, mas, porque me recuso a deixar você se matar desse jeito!
  - Quem disse que eu vou sozinho? A Coliz concordou em ir comigo!- ele falou e apontou para a Coliz que parecia muito feliz- E quem melhor? Ela era carrerista, e com certesa ela sabe como conseguir seguir o rastro de alguem!
- Serio, Coliz?- Perguntei a ela
- Por que não? É como meu tio me disse: " se a vida te der limões, esprema eles na cara da vida" e essa é uma otima desculpa para termos algum objetivo
  - Então okay, eu vou com você tambem!- Falei já querendo bater na Coliz por incentivar aquele pateta
  - Escuta, Nara, não quero ariscar mais ainda a sua vida, ainda mais porque ele foi na direção da Cornocópia, onde os Carrerista estão
  - Maravilha! Então eles podem matar aquele garoto! Deixa que eles façam isso, vocês não precisam ir!-falei já começando a gritar de novo
  - Concordo com a Nara- Viller interrompeu- A possibilidade dele ser pego é enorme, assim como a de vocês se ele for pego, fora aquele monstro enorme e os sapos, não precisamos de riscos desnecessários, ainda mais agora que estamos quase no fim! Alem do mais, a Coliz não vai atravessar o mar se forem só vocês, vai ser pior do que da ultima, ainda mais agora que tem aquela... coisa, não sei o que é, mas o que importa é que ela vai ficar ainda mais paralisada sabendo que ele pode pegar vocês dois em uma mordida, e o pior, ele REALMENTE pode. Ou vamos todos juntos, o que acho um desperdício de força, ou ficamos por aqui até que ele seja morto, assim sobrando apenas 8 jogadores, forçando os idealizadores a nos juntar de algum jeito.
  "Finalmente alguém que pensa direito!" eu pensei, porque realmente, quando restavam 8 jogadores, os idealizadores inventavam alguma coisa para nos obrigar a ficamos mais próximos, e assim mais fácil de nos matarmos.
  - Escuta, Viller- Matew se aproximou de Viller até ficar a uns 5 centimetros de distancia dele com uma cara raivosa, quase espumando de raiva- Você não sabe o que é perder alguem que você ama, alguem que você tinha esperança de proteger ou de que iria te ajudar, não sabe a angustia e raiva que eu estou tendo, ou a raiva e a vontade de te bater que eu tenho nesse instante
  - Eu não sei? EU NÃO SEI O QUE É PERDER ALGUEM QUE AMO?- Viller falou gritando de raiva e se aproximando mais de Matew, fazendo-o se afastar- Meu pai morreu no mesma porra de incidente dos pais da Coliz, me deixando para cuidar sozinho da minha mãe e a minha vó, duas mulher que estão a a beira da insanidade, fora meu irmão mais velho que tambem morreu lá naquela merda pesca! Eu sei muito bem o que é perder alguém que se ama, mas não podemos perder a calma ou a razão, porque se não vamos acabar todos loucos ou mortos, e nesse momento, não podemos nos dar esse luxo, não acha?- Ele falou olhando ele de um jeito desafiador e agora com tanta raiva quanto Matew
  Eles ficaram lá se encarrando por um tempo até que Coliz falou:
  - Bem, então por que não deixamos nossos amados telespectadores decidirem?- ela falou sorrindo e em seguida começou a gritar para o céu e todas as outras direções, provavelmente procurando uma das câmeras escondidas- O QUE ACHAM? VAMOS ATRAS DAQUELE IMBECIL QUE ACABOU COM NOSSA AMIGA OU FICAMOS AQUI ESPERANDO ELE SER MORTO GARANTINDO NOSSA CHEGADA A ULTIMA ETAPA?
   Na verdade, a resposta era obvia. Não prestava muita atenção nos jogos, mas eu sabia que a unica coisa que as pessoas da Capital queriam, era pessoas mortas, banho de sangue, pessoas se matando, e mesmo que um dos nosso instrutores tivesse consciência o suficiente de que a possibilidade de nós morrermo era alta e que talvez não valesse a pena, se eles nos mandasse um sinal para ficarmos, as pessoas da Capital não ia gostar e começar a patrocinar outros tributos, e assim dando ainda mais chance para que nós morrêssemos.
  Não demorou muito, e assim que a Coliz terminou de falar, conseguimos ver um parequedas caindo não muito longe de nós e pousar perto de uma raiz de arvore. Assim que Matew pegou o potinho de alumínio e o abriu, encontrou um óculos-escuro preto não muito grandes e estranhos.
  - Esse é o nosso sinal? E o que droga é essa?- Coliz perguntou com tom de decepção e indignação
  - É um óculos com visão de calor- Matew respondeu revirando o coulos na sua mão- Usamos isso nas plantações para achar pragas e outros bichos na nossas plantações, e os Pacificadores usam para se certificar de que não há ninguem escondido nas plantações tentando roubar comida, mas esses são muito mais sofisticados e raros- ele colocou nos olhos, apertou um botão do óculos que ficava na aste dele e olhou em volta- Também pode ser usado para reconhecer pegadas antigas feitas por pessoas  se elas não forem muito antigas, ou seja- ele tirou o óculos e olhou para nós com o sorriso- Podemos achar aquele garoto antes de qualquer Carrerista
  Coliz deu aquele sorriso psicopata dela e eu suspirei. Não quero que nenhum dos dois, Coliz e Matew, morressem, porque eram os meus amigos agora, e pela primeira vez senti que podia confiar em alguém, porque mesmo Della ou Megan, minhas amigas no Distrito 10, era diferentes de mim, nem sempre me intendiam ou apoiavam, alem de eu ter uma grande impressão de que nem gostavam tanto assim de mim, mas eles era diferentes, sei lá, como amigos normais e verdadeiros, e eu não queria mesmo perder isso.
  - E parece que temos mais alguma coisa aqui- Coliz falou pegando o paraquedas, revirando um pouco e tirando de lá uma garafinha térmica de metal, muito parecida com aquelas que alguns homens do meus distrito usavam para guardar bebidas alcoólicas com eles, só que um pouco menor e não tenho certeza se o que estava dentro daquilo fosse bebida alcoólica
- Essa eu não faço ideia do que é- Matew falou
- Tem um cheiro forte- Coliz falou depois de cheirar um pouco do liquido que havia la dentro e fazer uma careta- Mas acho que só tem uma jeito de descobrir o que é- Ela falou levando a garrafinha aos lábios
  Talvez ela realmente tivesse ficado louca, porque quem sabe aquilo não fosse veneno para usar no inimigo? Quem disse que faria bem a ela? E mesmo quando Viller conseguiu tirar a garrafinha dela, ela já tinha tomado um golinho, mas foi o suficiente. Logo ela começou a fazer algumas caretas, se contorcer e esfregar a cabeça como se estivesse com dor de cabeça, e só parou de fazer aquilo depois de mais ou menos um minuto.  Assim que ela levantou a cabeça, percebemos as sutis mudanças que a bebida causou. Suas pupilas estavam menores e mais estreitas e seus olhos brilhando ainda mais, como olhos de um gato ou cobra, suas narinas estavam dilatadas e ela virava a cabeça a toda hora, como se ouvisse estrondos vindo de todos os lados.
  - Como se sente?- Perguntei meio nervosa e receosas pela resposta dela
   -Sinceramente?- ela perguntou me encarando com seus grandes olhos- Simplesmente ótima- ela falou e começou a sorrir- Posso ver mais longe, ouvir mais coisas, sentir o cheiro de qualquer coisa e até o ar parece ter sabor. É como se essa coisa apurasse os sentidos, e olha que eu nem tomei um gole direito!
  - Perfeito!- Matew falou empolgado- Agora duvido que eles consigam nos vencer, os carrerista não tem mais chance
  - Mas se você não quer que eu vá, o que espera que eu faça? Fique aqui me escondendo e me preocupando com você? Se for, pode esquecer- Falei
  - Acho que é melhor eles virem com agente- Coliz falou- Afinal, Viller pode nos ajudar ainda mais, assim como a Nara, e podemos proteger uns aos outros mais fácil agora
   Matew suspirou, me encarrou por um tempo mas depois sorriu e disse:
  - Okay, então vamos juntos. E vamos agora, mas minha pergunta é: Pra que lado?
  - Para lá- Coliz falou já com os óculos no rosto, apontando para o Norte- Parece que ele foi por ali, alem do mais, consigo sentir o cheiro dele, estranho não?- ela falou sorrindo
  Começamos a andar na direção em que a Coliz nos indicou, com o Matew na frente usando o óculos e nos indicando o caminho. Ainda não estava muito satisfeita, mas pelo menos agora podia ir com eles e quem sabe ajudar em alguma coisa, porque não quero ser a inútil da historia muito menos a que deixa seus amigos morrerem sem fazer nada. Andamos por um bom tempo e só paramos uma vez para comermos, e a essa altura Coliz já não estava mais sob o efeito da bebida, porque seus olhos voltaram ao normal e pelo visto, depois que a bebida perdia o efeito deixava a pessoa cansada porque provavelmente usava muita energia e força da pessoa para aguçar os sentidos, então depois que terminamos de comer os rato/esquilos, voltamos a andar. Quando chegamos a praia, Coliz começou a tremer e tropeçar com mais frequência, ou por que estava fraca ou com medo, ou os dois juntos, mas apesar de tudo foi até mais fácil faze-la atravessar o mar, mas era só porque ela estava cansada demais para discutir ou protestar sobre qualquer coisa e assim foi até fácil arrasta-la pela água, mas ela com certeza parecia mais assustada do que antes e uma hora eu tive a impressão de que ia desmaiar de tão pálida. Atravessamos o mar, chegando a Ilha da Cornocópia, e continuamos a andar por um tempo, dessa vez mais alertas e cuidadosos já que tínhamos receio de encontrar os Carreristas, mas logo acabamos parando para descansar.
  Arrumamos o acampamento em pouco tempo, então ainda podíamos ver um pouco da selva que ainda nos rodeava. Acabei me oferecendo para fazer a vigia porque,primeiro: eu queria mostrar que não sou inútil, o que não sei por que, eu ando tentando demonstrar mesmo que eles não achem isso, e em segundo: fiquei curiosa para saber o efeito que a bebida causava. Resolvemos que quem ficasse de guarda bebe-se um pouco daquela bebida para ter certeza de que se alguém se aproximasse, pudêssemos saber, alem de estar usando o óculos. Quando todos já estavam indo dormir, eu coloquei os óculos e virei um pouco da bebida na minha boca
  A primeira sensação foi horrível, tudo parecia girar, minha cabeça latejava e doía mais do que nunca, assim como a minha garganta, e um chiado agudo e alto me fazia tapar os ouvidos em vão porque ele não paravam, como se o sabor metálico, amargo e acido da bebida já não fossem suficiente para deixar tudo uma droga, mas depois de um tempo a dor e o incomoda pararam de repente, dando lugar a uma sensação de bem estar, segurança, empolgação e mais alguma coisa muito boa que não consigo descrever, e mais o sabor doce sutil na minha boca. Me sentia incrível, conseguia ver um pássaro que devia estar a uns 150 metros de distancia, podia ouvir o bater das assas da mosca e sentir o cheiro de tudo, deis do Matew, do Viller e da Coliz até as coisas que eu menos sabia que tinham cheiro, como a areia da praia que não estava tão longe ainda e o ar ( o que era mais estranho, mas tinha um calmante aroma de umidade, que agora também tinha cheiro, de planta e de sangue).
Outro efeito da bebida era deixar o seu organismo alerta a tudo e completamente elétrico, então fiquei acordada a noite inteira sem precisar chamar ninguém para ficar de guarda no meu lugar, mas em dispensação não conseguia ficar parada de jeito nenhum, então acabei fazendo algumas armadilhas complicadas e caçando um pouco com a minha zarabatana a noite toda até o sol nascer, e mesmo assim não estava com sono e me sentia simplesmente ótima, assim como a Coliz havia descrito para nós antes.

Nara Off

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sobrevivencia Desesperada- Capitulo 7

Matew On

   Mesmo depois de tomar o remédio, o corte parecia doer dez vezes mais, tornando meu sono quase impossível, mas depois de umas 2 ou 3 horas, o remédio fez efeito e finalmente consegui dormir em paz, em um sono sem sonhos ou pesadelos. Como não me acordaram para ficar de guarda, quando acordei, o sol já começava a nascer e a iluminar as selva que ainda nos cercavam. Me sentei com muita dificuldade por causa do corte que ainda doía, e quando olhei em volta vi Nara dormindo perto de mim e o garoto do 4 um pouco mais afastado fazendo careta em quanto dormia, mas nem sinal da Emy ou da garota do 4. Me levantei e peguei uma maçã dentro da mochila que separamos só para a comida, e fiquei lá, sentado comendo por um tempo. Fazia tempo que não comia alguma coisa que não fossem raízes e avelãs, então a maçã pareceu algo divino, acabei em um estante, e resolvi me encostar no tronco da arvore. Fiquei lá por um tempo olhando em volta, tentando achar as duas, mas delas nem sombra. Foi ai que comecei a ligar os pontos. Ela sabia o quanto Emy era importante para mim, o quanto podia vence-la com facilidade, e ela não queria fazer a aliança. E se ela tivesse fugido? Então por que o garoto ainda esta aqui? Se bem que ela não parecia concordar tanto com o garoto do distrito dela. E se...
   Me levantei num pulo e comecei a procura-las. Chamei o nome da Emy varias vezes e em nenhuma recebi alguma resposta,e fui chamando-a cada vez mais alto até que senti que fui derrubado no chão.
   - Você tem algum problema mental? Quer que saibam onde estamos, seu retardado?- ouvi alguem falando comigo com raiva e quando olhei para cima, vi a garota do 4
   Dei uma rasteira nela e a imobilizei
   - Onde esta a Emy?- perguntei rosnando
   - Calma, precisa ser tão impaciente?- Me virei e vi a Emy- Estou aqui, ta bem?
   Soltei a garota do 4 e me dirigi a Emy
   - Onde vocês foram, droga? E com a garota do 4?- falei e apontei para a mesma
   - Garota do 4? Por que não me chama de Maniaca logo- ela falou com tom de ironia e revirou os olhos- Caso não saiba, me chamo Coliz. Escuta, fomos caçar, deixa de ser dramático.
   - Calma ai Matew, só vamos voltar antes que mais algum deles venham nos procurar feito doidos.
   Voltamos para o nosso acampamento e elas começaram a preparar o animal que tinham abatido, que aliás parecia uma especie de ratazana com guaxinim, mas... não era. Não demorou muito e os outros acabaram acordando e comeram junto com a gente. O lado bom, é que durante a caçada, Emy acabou descobrindo uma coisa. Ela começou a cavar o solo até que o buraco começou a se encher sozinho.
   - Por isso o chão é tão mole e úmido- ela explicou
   - Então porque não tem água na nossa trincheira?- o garoto do 4 perguntou comendo mais um pedaço da caça
   - As arvores sugam toda a água que podem, por isso que o chão fica mais fresco, mas não com água.   Fora que precisa cavar mais fundo do que cavamos
   Comemos e bebemos água o quanto podíamos e decidimos que tínhamos que continuar nos distanciando, então começamos a recolher as coisas e apagar todos os traços que deixamos lá (enchemos a trincheira que fizemos com terra de novo, enterramos a fogueira, etc), depois voltamos a andar. A caminhada parecia bem mais fácil depois  que comemos decentemente pela primeira vez na arena, e era evidente que todos pareciam de bom humor, mesmo a garota maniaca do 4. O garoto do 4, que descobri de chamar Viller, até que se mostrou bem legal e engraçado, sempre tentando nos manter conversando, fazendo piadinhas e as vezes caindo já que estava meio distraído, ele era bem hiperativo.
   Na verdade passamos mais uns dois dias naquela ilha porque não achamos nenhum outro tributo e nenhum outro problema, fora que minha bussola deu algum defeito, se desmontou sozinha e decidiu parar de funcionar, então me livrei dela. Durante esses dias apenas ficamos comendo, andando e treinando usar nossas armas, e minhas lanças e os bumerangues com laminas as vezes, Viller com seu tridente e sua espada. Aliás,Emy e Nara acabaram aprendendo um pouco a usar uma espada com a ajuda do Viller e principalmente com a Coliz. Que maravilha, minha amiga e minha namorada socializando com minha inimiga que quase me matou, que coisa linda. Emy foi a que se saiu melhor, já que Nara desistiu depois que Viller achou no fundo da bolça de armas deles, uma caixinha com uma zarabatana e varios dardos. Nara parecia ter nascido pra usar uma daquelas, porque em pouco tempo ela estava ajudando a caçar animais com a zarabatana dela.
  Acabamos resolvendo que tínhamos que tentar ir em outra ilha, então começamos a arrumar nossas coisas mais uma vez e dessa vez tentar achar o litoral do lugar.Depois de mais um tempo andando, o suor começou a fazer meu corte coçar, e acabar estorando os pontos
   - Serio mesmo que você fez isso? Se você gosta tanto que eu te fure com uma agulha, saiba que posso fazer melhor com uma faca- a garota do 4 falou
   - Ta bom, ta bom, já parei- falei e voltei a andar
   - Sua sorte é que o corte já cicatrizou bastante. Não vou precisar fazer tantos pontos- ela felou e foi se afastando, mas eu podia ouvir ela reclamando e soltando alguns palavões.
   Continuamos andando por um tempo, as vezes só andando,as vezes conversando sobre como a Capital era estranha ou do que sentíamos falta no nossos distritos, mas isso era meio deprimente, então geralmente só andávamos. A caminhada começou a se tornar uma chatice, e cansativa.Tinhamos a intenção de ir até a Ilha do Oeste, mas ao que parecia, ia demorar muito, e todo mundo já estava reclamando por um lugar para parar, até que chegamos ao que devia ser o meio da Ilha. Era uma clareira, uma especie de campina no meio da selva em que o céu azul era visivel, mas era um lugar fresco por causa da briza que passava, a grama era baixa e verde, e por todo o lado, flores altas e grandes que mais pareciam cornetas brancas e que tinham um perfume otimo. O lugar era bem atraente e como Emy e Coliz já começavam a deitar na grama, resolvemos ficar.
   - Acho que é melhor irmos embora- Nara falava
   - Por que? o Lugar é otimo!- Perguntei já pegando uma maçã para comer
   - Não sei, mas... Tenho um mal pressentimento...
   - Escuta, estamos cansados e precisamos descansar. Acho que essa sensação é apenas porque você esta nos jogos vorazes onde todos querem ver seu sangue esguichar de seu corpo morto- Coliz falou e deu uma leve risada sinica, acompanhados pelas leves risadas nervosas de Viller e Emy, que riram mais por causa do sotaque da Capital que ela usou para falar a ultima frase- Relaxa!
   - Sei lá....- Nara falou meio indecisa, mas acabou se juntando a nós.
   Fiquei sentados no sol sentindo a brisa, até que senti o meu sangue escorrendo e lembrei que meu corte agora estava aberto. Lembrei a Coliz dos pontos e ela começou a me xingar, mas acabou me ajudando, o problema é que eu tenho certeza que ela estava fazendo cada agulhada ser pior do que a outra. Uma camada de pomada, uma pilula analgésico e finalmente estava novo em folha de novo, ou quase. Emy resolveu levar Nara para recolher algumas das flores para acalma-la, então continuei deitado no sol, cochilando um pouco.
   Não sei quanto tempo se passou, mas não muito depois, ouvi o grito da Emy seguido do da Nara. Me levantei e não só percebi como Coliz e Viller, que dormiram do meu lado, estavam agora vomitando, como também percebi que minha visão estava turva. Estava tonto como quando fiquei bêbado, porque a cada dois passo eu acabava caindo, assim como os outros. Tinha um cheiro estranho no ar, uma mistura de um perfume doce e enjoativo com sangue. Olhei em volta e com muito esforço percebi que as flores brancas, que antes estavam viradas para baixo, agora estavam viradas para cima, bem abertas, bem mais altas e soltando uma fumaça verde. Gás toxico
   - Tapem o rosto!- gritei para os outros dois que acabavam de vomitar só agora
Coloquei a minha camisa por cima do meu nariz, cobrindo também minha boca e assim consegui reter um pouco do gás, mas ainda sentia o cheiro do gás e continuava meio tonto. Viller e Coliz me imitaram e juntos nós começamos a andar na direção  do que parecia uma floresta de flores toxicas. Não andamos muito e demos de cara com a seguinte cena: Nara toda envolta por raizes e trepadeiras das flores, que se mexiam e a apertavam cada vez mais, em quanto Emy estava de cabeça para baixo, inconsciente, sendo segurada por mais trepadeiras das flores brancas e estava preste a ser engolida por uma das maiores flores que já vi, com o triplo do meu tamanho, coisas saindo da sua boca que mais pareciam línguas e espinhos que pareciam dentes. Resumindo, minha amiga estava sendo transformada em uma múmia de cipós e começando a perder a inconsciência já que não conseguia respirar, e minha namorada estava inconsciente (eu esperava) quase sendo comida por uma flor carnívora.
  Fui correndo na direção de  Emy, mas cai no caminho porque mais daquelas trepadeiras se enroscaram no meu pé. Enquanto tentava me desenroscar, Coliz pulou por cima de mim e foi correndo até ela, se desviando das trepadeiras que tentavam se enroscar nela como chicotes, mas ela desviou de todos e com uma faca em cada mão, ela começou a atacar a flor, tentando corta-la, mas o caule era firme e grosso, e os as trepadeiras a acertavam feito chicotes. Olhei para traz e vi que Viller tambem não estava se saindo melhor. Ele lutava muito bem, mas começava a ficar enroscado assim como Nara, que agora tambem tentava se libertar, mas vomitava e era esmagada.
   Me levantei e resolvi ajudar Viller e Nara. Corri na direção deles e joguei uma especie de bumerangue com laminas que Viller e Coliz tinham pegado dos carreristas, cortando algumas da plantas o suficiente para que pelo menos Viller conseguisse se soltar. Com a ajuda dele, conseguimos com muito esforço soltar a Nara, depois de ficarmos com o tornozelo preso e cairmos varias vezes (a ponto de que Viller tinha a boca sangrando e eu o nariz) e alguns aranhões.
   - Leva ela pra longe daqui! Tenho que pegar a Emy!- falei para Viller e sai correndo na direção de onde a Flor Carnívora estava
   Mas na verdade, não precisei lutar com ela, porque assim que cheguei, Coliz consegui cortar o caule da Flor, que caiu e murchou assim que tocou o chão, depois ela consegui por pouco pegar Emy que havia se soltado da flor, mas continuava inconsciente. Ajudei Coliz a se levantar, peguei Emy no colo (já que Coliz não conseguia carrega-la) e nós corremos para bem longe, na direção em que Viller tinha corrido com Narra e todas as nossas coisas. Não paramos e de correr até chegarmos na praia, onde cansados, todos nos caímos no chão sem folego, e eu finalmente larguei Emy e acabei vomitando. Enxuguei um pouco do sangue que ainda escorria do meu nariz e voltei para eles
   - O que... foi a-a-aquilo?- perguntei ainda tremendo e me sentindo tonto.
   - Fomos... Colher flores como... a Emy queria... ai ela achou uma que era bonitinha... e tudo começou a crescer... Gás toxico... trepadeira, não conseguia respirar.... A planta...- Nara falava sem folego e começou a soluçar.
   - E... E a E-Emy?- perguntei para Coliz, que começava a examina-la
   - Não sei ela... Parece que... Ela não esta mais respirando
   As ultimas palavras só fizeram sentido depois que olhei para Emy e vi seu rosto pálido e seu corpo contorcido no chão. Fui andando até ela, até que Viller me empurrou correndo e a beijou. Fiquei louco. Ia me tacar em cima dele e tentar mata-lo mesmo que não estivesse nas minhas melhores condições, mas Coliz é que se tacou em cima de mim e me imobilizou, em quanto eu gritava e tentava me libertar ela apenas dizia: "Quer para seu imbecil!" e  "Ele só esta ajudando!" , até que finalmente consegui joga-la para longe e consegui ir até lá, então vi que Emy estava agora ajoelhada com a cabeça baixa e Viller estava com a mão sobre o ombro dela.
   - Sorte a sua Viller ser especialista em ressuscitação- ouvi Coliz falar atras de mim e me virei para ela- Ele faz isso o tempo todo no 4. Afinal, pessoas afogadas até que são bem comuns lá em casa.
   Foi ai que comecei a intender. Comecei a ficar mais calmo e realmente feliz que Emy estava viva, até perceber que ela vomitava sangue aos montes, e que em minutos, ela tinha caído de novo no colo do Viller. Já ia começar a ficar desesperado de novo quando ele falou:
   - Ela só esta inconsciente-ele falou rápido
   Me ajoelhei do lado da Emy. Ela estava fraca e mais branca do que antes, mas pelo menos, ela respirava, calma, devagar e com dificuldade.
   Nenhum de nós estava disposto física e psicologicamente para andar, então resolvemos ficar na praia mesmo. Viller e Coliz foram procurar alguma coisa na água para comer, já que a comida que eles trouxeram começou a acabar, em quanto eu e Nara fazíamos a fogueira, algumas armadilhas mais longe do acampamento e arrumávamos os sacos de dormir que tínhamos, mas acima de tudo, cuidávamos de Emy, que mesmo quando o céu já começava a ficar escuro, continuava dormindo e sem melhoras. Comemos em silencio e sem muita fome, até que Nara perguntou:
   - Ela ainda está inconsciente?- ele falou e eu confirmei com a cabeça
   - Acho que como eu não conseguia respirar muito bem e estava mais longe das flores que soltavam o gás toxico, fui menos afetada, assim como vocês que depois acharam um jeito, mas ela ficou exposta ao gás direto.- Nara falou meio baixo, obviamente ainda meio enjoada
Continuamos em silencio por um tempo, e ninguém falava nada, com exceção da nara que fala em voz baixa, mais para ela do que para nós
   - Já vi aquelas flores uma vez... Gutt saberia o que fazer.... Aquele cheiro doce e enjoativo inconfundível... Podia acabar com tudo aquilo...- logo depois ela fez uma carreta e foi correndo para traz de um arbusto onde vomitou outra vez
   Não queria falar, estava cansado, acabado, e simplesmente arrasado pelo que acontecera, então fui me deitar e deixei eles decidirem quem faria a patrulha. Me acomodei em um dos sacos de dormir e tentei dormir, mas me revirava sem conseguir me sentir bem, só consegui cochilar por um curto tempo, sempre acordando. Maravilha de Noite

Matew Off


Coliz On

   Okay, definitivamente acho que nunca mais vou colher flores na minha vida, até porque, não quero que mais alguma planta qualquer tente me matar. Como se meus inimigos já não fossem suficiente. Obrigada Idealizados dos Jogos, seus sanguinários desprezíveis.
A pomada para machucados acabou depois que resolvi passar tudo em todos, e as pilular analgésica acabaram, então o próximo a se machucar mortalmente vai ter que suportar a dor até morrer. E isso incluí o garoto do 11.
   Sinceramente, ainda estou com uma certa raiva desse garoto, e sempre acabo chamando ele apenas de 11, e ele me chamava de Maniaca ou de 4, o que parece estar funcionando muito bem para nós dois. Continuo sentindo simpatia pela Nara, e agora praticamente andava tratando ela como minha irmã mais nova, e quanto a Emy, acabou se mostrando bem gentil e legal, por mais que a abominasse tanto como o garoto do distrito dele no começo, mas ela foi bem mais facil de encarrar já que era mais amigavel comigo. Isso antes de que ela fosse atacada por aquela planta assassina.
   Enfim, todos estavam cansados e machucado (pelo menos mais do que antes), exceto eu que não queria dormir de jeito nenhum por causa da adrenalina que ainda corriam pelas minhas veias e, até porque, durante a luta, a planta me fez bater a cabeça no chão com tudo, e alguma vez ouvi que quando alguém bate a cabeça tão forte não deve dormir porque alguma coisa ruim acontece então, alem de ficar com essa paranoia, fui a unica pessoa disposta a fazer a guarda e pedi aos outros para que fossem dormir. Fiquei lá, sentada olhando o mar, pensando no meu distrito, poque embora não tivesse ninguém lá mais que realmente se importasse comigo e sempre tenha me sentido deslocada, um dia considerava mau lar, um dia alguém lá se importava realmente comigo, e um dia eu fui feliz lá.
   Um pouco depois a insignia da Capital apareceu no céu, o ino foi tocado e ele sumiu. Ou seja, nenhuma morte. Na verdade, nenhuma morte já fazia uns dois ou três dias, o que era preocupante já que quando isso acontecia, os idealizadores dos jogos arrumavam algum jeito de tornar as coisas interessantes para eles, e assustadoras para nós.
   Fiquei lá sentada sozinha até que senti alguma coisa vindo na minha direção com passos leves e calmos, então por extinto, me levantei num pulo .e apontei minha faca para o que poderia ser, mas acabou que era apenas mais um coitado som sono.
   - Droga, 11, não chegue de fininho pelas minhas costas! Podia ter te matado- falei para ele e voltei a me sentar
   - Só achei que fosse querer companhia- ele falou e se sentou do meu lado
   - Bem se enganou, mas pode ficar se quiser- falei e voltei a me apoiar na rocha em que estava antes
   - Nossa, você é difícil, em?- ele falou e deu um sorriso, mas simplesmente não intendi a graça

   - Você também não ajuda muito- rebati
   Ficamos um bom tempo assim, em silencio, apenas um do lado do outro, e eu até que estava gostando disso, até que ele falou:
   - Escuta, só queria agradecer....por... salvar a Emy e... me impedir de matar o Viller- ele sorriu mais uma vez, dessa vez mais forçado.
   - Não fiz por você. Descobri que a Emy é legal e que ela é uma boa aliada- falei meio fria, mas depois de perceber isso, acrescentei- Mas de nada. Afinal, somos aliados não?- falei e pensei em sorrir, mas nunca fui muito boa em forçar um sorriso, e sabia disso, então apenas voltei a olhar para o mar.
   - É, acho que sim. Mas mesmo assim, acho que te devo uma.
   - Você já me devia uma- falei e apontei para a enorme cicatriz do meu olho
   - Mas essa ai você já retribuiu e muito bem com o corte no pescoço- ele falou meio indignado
   - Mas quem é que costurou você?- falei e acabei sorrindo
   - Okay, okay, te devo duas.
   - Talvez três por ter dividido com você as armas e comida- completei só pra zoar com ele
   - Tá, acho que já deu, né?- ele falou e fez uma cara estranha, então acabei rindo- Olha só, a maniaca saber sorrir.
   - Calado. E para de me chamar de Maniaca.
   - E você de me chamar de 11
   - Okay, você me chama de Coliz e eu te chamo de Metty
   - É Matew. Se você não falar meu nome direito...
   -Vai fazer oque?- desafiei
   - Isso- ele falou e me cutucou na costela, bem onde a alguns dias atraz estava quebrado. Acabei soltando um gritinho de dor. Droga- Como você...
   - Você fica protegendo as costelas toda hora- ele falou como se fosse a coisa mais normal do mundo alguém adivinhar uma coisa dessas assim- E tambem sei disso- ele falou e segurou a manga da minha roupa, deixando minha mão suspensa como se eu fosse um fantoche. Merda, os cortes.- minha unica pergunta é: porque?
   - Por nada- falei e fiz ele soltar meu braço, mas como ele continuava me encarrando, falei- Então pelo menos me fala como conseguiu descobrir esse!
   - Você esfrega os pulços toda hora, já vi eles enfachados varias vezes e as vezes estavam manchados, apesar de que a roupa cobre bem, não achei tão dificil notar essa, mesmo com a luva cobrindo.
   - Tambem não é dificil perceber que sua fraqueza é a sua namoradinha ali- Falei e apontei para onde Emy dormia- E é uma fraqueza e tanto
   Ele deu uma risada leve
   - Bem, é porque ela é importante pra mim e eu amo ela. Por isso estou aqui. Nunca teve alguem com que se importassetanto. Sei lé, ela... é uma das poucas coisas que tenho e ela me faz ter esperança sobre o futuro, o meu, o nosso, de todo mundo.
   -  Ai que coisinha mais fofinha- falei meio debochando
   - Como se você nunca houvesse procurado afeto e abrigo em alguem.
   - Mais ou menos... os que eu tinha... morreram- falei meio fria, já que nunca falei isso em voz alta, e assim que falei, consegui sentir a solidão que sempre tive.
   Matew me encarrou como se esperasse explicações, uma satisfação que não daria a ele, até que ele começou a me cutucar de novo, então falei que contaria.
   - Okay, então ai vai a explicação dessas perguntas todas que me fez até agora- falei e respirei fundo. Não queria mesmo contar, mas já que iria morrer mesmo, talvez fosse bom falar isso em voz alta uma vez na vida
   - Eu tinha um super pai e uma mãe maravilhosa- comecei a explicar- Os dois trabalhavam no mar, na coleta de peixas e frutos do mar,  e de vez em quando me levavam lá. Acontece que um amigo do meu pai começou a querer juntar uma rebelião para protestar contra a Capital, o sistema e tentar mudar alguma coisa, e meus pais era completamente a favor, tanto que era os mais importantes de todos no grupo rebelde deles. Alguns dias antes de começar a fazer o levante que tinham planejado, quando eu tinha 11 anos, eles foram trabalhar e eu fui junto, e fiquei na praia olhando eles trabalhando de longe dentro dos barquinhos, recolhendo as redes, quando um aerodeslizador passou e jogou uma bomba em cima de alguns trabalhadores. Não era nada muito forte, mas matou varias pessoas. bombas e mais bombas foram jogadas, deixando muitos mortos e outros varios no meio da água tentando nadar, mas ai eles soltaram uma especie de bombas eletricas, que eletrificaram toda a água, então queimaram todos os que ainda nadavam na água... Incluindo meus pais- Falei e deu uma pausa, já tentando segurar as lagrimas e um grito de frustração- Eu vi tudo... Eles se contorcendo de dor por conta do choque, o mar azul ficar vermelho, as bombas jogando corpos na água, tudo. Depois daquilo os rebeldes que sobraram resolveram acabar com o levante por conta do medo deles. Tive de ficar com meu tio bebado que só estava em casa de vez em quando, me cuidando sozinha e vagando meio sem rumo pelo meu distrito, sem nem sair de casa direito. Levei anos para cosneguir chegar perto da praia de novo, mas ainda tenho medo.
   - E você nunca teve ninguem mais? Um amigo, um primo, uma tia legal... nada?- Matew perguntou agora mais interresado
   - Bem... Quando eu tinha uns 8 anos conheci um garoto na escola que virou meu melhor amigo. Com o tempo fomos ficando mais proximos e quando me dei conta, esta apaixonada por ele, mas quando tinha uns 12 anos, um ano depois que meus pais morreram, ele foi enforcado na praça por tentar roubar comida para sua familia, e eu nunca consegui dizer nada para ele- Olhei para meu pulço enfaixado e suspirei- Foi ai que começei a me cortar
Ficamos em silencio por um tempo. Acho que ele estava digerindo a historia toda, mas eu fiquei imaginando o que poderia ter acontecido se fosse diferente. Se eu te vesse pais que me amassem. Se eu tivesse um namorado legal. Se eu gostasse da água como qualquer outra pessoa no distrito 4.
E se, e se, e se. Não passavam de "e se", e isso fez com que lagrimas começassem a rolar pelo meu rosto, mas as enxuguei rapidamente

   - Bem- falei e me levantei- acho que vou tentar dormir. Boa noite... Matew...-falei e me virei para sair meio andando meio correndo para ir até o local onde todos dormiam
   Na verdade não consegui fechar os olhos por um bom tempo, porque aquela sensação horrivel de tristesa e solidão me dominava mais uma vez, como antigamente, antes de eu começar a melhorar. Solitaria. Não mais amada. Estranha. Me sentia tudo isso e muito mais coisas bem piores, me arrependendo de ter contado a ele e de saber que cameras transmitiriam isso para toda Panem, me fazendo de fraca. Aquele impulço de me cortar estava começando a me dominar novamente, o impulso de me castigar por ser tão fraca, tão inutil, tão estranha. Então me enfiei debaixo do saco de dormir, cobri meu rosto com as mão e comecei a chorar baixinho como fazia antes, para que ninguém pudesse me ver, e fiquei lá chorando como nunca até dormir
   Na manhã seguinte já me sentia melhor, e na verdade me sentia como se estivesse de porre, como se tivesse bebido a noite inteira ontem, porque minha cabeça doia, me sentia meio tonta e não lembrava exatamente do que tinha acontecido, mas na verdade, isso era até bom. Depois de ter certesa que não estava com cara de chorro, me levantei e fui comer com os outros. O sol ainda estava nascendo no céu, e ainda estava meio escuro, mas mesmo assim , todos já estavam acordados e comendo, até a Emy, que mesmo continuando horrivel, muito palida, estava deitada no colo do Mattew em quanto ele tentava faze-la comer algo, e isso fazia ele parecer feliz, estranhamente feliz.
Sinceramente, Emy não parecia muito melhor mesmo, porque ela estava com uma febre de uns 40°, não comia, e o que comia acabava vomitando com mais uns mls de sangue, fora o aspecto dela, com olheiras um tom meio esverdeado de pele e parecia que tinha emagrecido muito mais do que devia.
Assim que todos tinham terminado de comer, começamos a arrumar as coisas e fazer um inventario do que tinhamos. Quatro garrafas de água, algumas raízes e frutinhas estranhas (uma delas parecia um olho e era assustador, mas acabamos descobrindo que era comestível e muito boa), os sacos de dormir, o kit de primeiros socorros ( algumas poucas ataduras, as ultimas pilulas de remedio para febre, um pouco de linha, agulha, álcool), o que nos deixava em condições até boas, ainda mais porque todos sabiam caçar.
   Quando estávamos quase indo embora, comecei a ouvir uns sons estranhos e desafinados que começavam a aumentar cada vez mais. Olhei para o Viller e nos encaramos com preocupação, já que nós dois sabíamos o que estava vindo.
   - Se escondam! rápido!- falei e comecei a empurrar todo mundo na direção da selva para que agente se escondesse em algum lugar com a ajuda do Viller
   - O que esta acontecendo?- Nara perguntou
   - Você já vai ver- Viller respondeu e começou a puxar a gente para atras de uns arbustos altos- Agora, não importa o que aconteça, não façam, em nenhuma circunstancia, nunca, algum barulho até que eu ou a Coliz digamos, okay?
   Todos assentiram com a cabeça e nós ficamos lá, esperando e olhando  o litoral da ilha. Não demorou muito para que o que eu estava imaginando, aparecesse. Os sapos pretos gigantes. Dessa vez eles estavam atras de um garoto alto, magro todo machucado de cabelo escuro. Demorou um pouco até que eu reconhecesse como o garoto do distrito da Nara, acho que se chamava Lester. Ele continuou correndo com dificuldade até um dos sapos fazer ele tropeçar, então ela caiu no chão e os sapos começaram a rodear ele. Ouvimos o coaxar estranho dos sapos, os outros sons estranhos que eles faziam quando morriam, mas não tão altos ou numeroso quanto o som de Lester tentando se proteger com a lança e seus gritos de dor sempre que era pego por um dos Sapos. Mas não demorou muito para que os Sapos todos se voltassem contra ele e o derrubassem no chão, indefesso e machucado, tão vulneravel que logo se tornou o lanchinho dos sapos. O ar foi tomado pelos gritos agonizantes, profundos e desafinados dele, fazendo meu sangue gelar a cada grito, mas o pior foi o horrivel cheiro de sangue e carne que se espalhava rapidamente no ar. Demorou um bom tempo até que os gritos agoniantes do garoto começacem e ficar mais baixos até sumirem e o canhão sinalizar sua dolorosa, lenta e tortuosa morte. Os sapos começaram a se afastar deixando a mostra o que sobrou do corpo mutilado e despedaçado do coitado, então o aerodeslizador apareceu e começou a recolher o que consegui com as garras, depois foi embora.
   Simplesmente sentia uma enorme vontade de vomitar, chorar e correr dali por conta da chocante cena. As pessoas da Capital deviam estar de divertindo com a cena, mas nós estavamos horrorisados e enojados, tentado segurar a ancia de vomito e o medo. Só não saimos de lá correndo porque sabiamos que se nos mexessemos, farias barulho e acabariamos tendo o mesmo fim do Lester, já que não estavamos em condições de lutar. Ficamos lá, parados, tentando controlar a respiração, mas por algum motivo, os sapos começaram a se agitar de novo. Eles começavam a olhar para nossa direção e dar pesados e curtos saltos até onde estavamos. Como eu não sei, mas de alguma forma eles conseguiam nos ouvir, e se ficassemos parados, seriamos achados. Alguma coisa tinha que ser feita.    Estiquei meu braço e peguei uma pedra consideravelmente grande, depois a taquei com a maior força possível para outro lado, assim como Viller, que tinha intendido o que estava fazendo. Os Sapos viraram a cabeça na direção onde joguei a pedra, e quando Narra e Matew fizerem o mesmo, eles começaram a se mover para onde as pedras agora estavam. Quando eles já estavam longe, começamos a correr feito louco pela selva, junto a praia, tentando contornar a ilha.
Coliz Off

domingo, 9 de novembro de 2014

Sobrevivencia Desesperada- Capitulo 6

                          
  by: gingerhaze

Emy On

Mais uma vez, consegui achar o lago. Era um lugar Incrivel. Da ultima vez, tinha corrido até acabar chegando nesse lugar, o que foi uma alivio depois de um dia correndo, me escondendo e sentindo medo. Isso pelo menos até que os carreristas me achassem. Quando finalmente chegamos lá, vimos o quanto a água era cristalina e fresca, musgo fofinho crescia em volta dela e varios arbustos com frutinhas cresciam por perto, mas acabamos não pegando nenhum já que todos pareciam coloridos e estranhos demais, apenas umas avelãs que achamos e acabamos guardando. A primeira coisa que fizemos quando chegamos, foi deixar as coisas na beira do laguinho e pular. O suor, a sujeira, limpamos tudo no lago, pegamos nossos cantis e enchemos de água e ficamos lá relaxando na beira da água, esperando nossas roupas secarem no sol. Era muito bom poder finalmente se refrescar e relaxar um pouco. Em quanto eu, Nara e Matew estávamos deitados na margem do lago, quando comecei a ouvir a respiração forçada ao meu lado. Me virei e vi Matew mais palido do que o normal, seu peito subindo e descendo com dificuldade, e o musgo em cima do seu corte no pescoço, completamente encharcado, deixando um pouco de sangue escorrer.
- Matt?- chamei e ele se virou para mim- Você está péssimo
- Pois é... Tambem achei isso
Me sentei e olhei para o lado. Nara dormia quietinha sobre o sol, e parecia calma e mais jovem. Me levantei, peguei um pouco do musgo que encontrei, fui até Matew, tirei o curativo improvisado e lavei com um pouco de água. Agora que o corte estava limpo podia ver o quanto era profundo, e que por mais que eu o limpasse, o sangue continuava escorrendo por causa da veia que a garota tinha cortado. Um pouco de pus agora começava a sair tambem, e o cheiro se tornava horrivel
- Que estrago ela fez- falei meio nervosa
Ele acentiu
- Alguma ideia do que fazer, doutora?- ele falou brincando
- Acho que trocar o curativo, e....- tinha que ter mais alguma coisa que eu pudesse fazer. Já tinha cuidado dele mil vezes, mas isso era diferente. Lembro que a minha mãe usava mais alguma coisa...- Lembrei- falei para mim mesma e me levantei
Com varias plantas estranhas, tinha que ter uma comum por aqui. Fui andando, não muito longe de onde eles estavam, procurando uma planta que era bem usada em casa. Finalmente, depois de um tempo procurando, eu achei. Era uma folha grande, meio felpuda e verde escura. Minha mãe era curandeira e usava bastante essa planta para ajudar a currar dor de cabeça, a acabar com ancia de vomito, mas principalmente a evitar inchaço e parar o pus. Coloquei algumas na boca, mastiguei e voltei para onde ele estava.
- Achava que não tinha uma coisa dessas aqui...-ele começou meio fraco
- Mas tem- tirei da boca e passei no corte por um tempo, até que todo o pus saisse e o corte não estivesse mais enxado- Melhor?
- Muito. Ainda mais porque você esta aqui- ele falou e deu um sorriso
Claro que eu não pude deixar de beija-lo e de me sentir segura mais uma vez, e mesmo que fosse uma ilusão, era bom te-lo de novo

-Agora, preciso de alguma coisa pra cobrir isso, e acho que musgo não vai adiantar.
Um pouco depois de falar isso, vi uma coisa prateada caido do céu com uma pequeno paraquedas branco e aterrissando na água, onde ficou boiando e brilhando por causa do sol. Assim que mergulhei e peguei pequena caixinha de metal, vi alguns rolos de esparadrapo, uma agulha e um pouco de linha. Peguei as coisas e levei até ele
- Acho que é pra você- falei e mostrei para ele
- Vai mesmo ter que me costurar?
- Se você não quiser morrer por causa disso- falei e comecei a colocar a agulha na linha
Assim que fiz, ele fez uma careta de dor, mas sabia que comparado ao chicotes que ele recebia não era nada
- Pode tentar  não se meter em confusão?- falei em quanto costurava-o, falando a mesma coisa que perguntei quando ele acordou da ultima vez que tive que cuidar dele
- Talvez um dia- ele falou e consegui sorrir um pouco, mas pareceu mais uma carreta, então acabei rindo um pouco.
Realmente não sou boa em costurar, mas achei que resolveria por um tempo, então guardei a agulha, o restinho de linha que tinha e enrolei o pescoço dele com o curativo.
- Descansa um pouco, você perdeu muito sangue- falei e ele assentiu
Me aconcheguei nos braços dele e nós dois dormimos. Quando acordei, o sol já estava se pondo e os dois ainda dormiam tranquilos, e foi  uma pena ter que acordar eles, mas precisávamos sair de lá, porque já tinham me achado lá antes, com certeza viriam mais uma vez, na verdade, era um milagre ainda não terem nos achado. Ele se levantaram, reclamando e tropeçando, mas logo estávamos de pé, pegamos mais um pouco de água e saimos. Nossa ideia era ir até a ilha do Sul, já que a do Norte e Leste (onde estavamos) Eram lugares em que podiam nos achar muito facil.
Andamos por um longo tempo, Mas a ilha era enorme e mesmo com a bussola do Matew, acabamos nos perdendo uma hora e indo para o Norte em vez do Sul, tudo porque ele fez o favor de mergulhar no lago com a bussola, mas foi até facil concertar.
- Será que já estamos pelo menos chegando no final dessa ilha?- Nara perguntou
- Acho que sim, mas não tenho certeza depois que nós já nos perdemos tanto- Matew falou dando mais uma olhada na Bussola
Continuamos andando distraídos até que ouvimos o tiro de canhão ao longe. Quem seria? Podia ser qualquer um, mas só íamos saber de noite. Continuamos andando, mas era logico que nos todos estávamos nos perguntando quem era, mas isso durou pouco, porque um pouco depois Matew foi içado para cima, logo em seguida a Nara também estava pendurada de cabeça para baixo e meu pé ficou presso no que parecia uma armadilha de urso, que se prendeu no meu tornozelo e me fez cair. No momento seguinte, a garota do 3 saiu de traz de uma das arvores armada com umas lanças improvisada feita de um galho que ela deve ter afiado com uma pedra. Ela tentou me acertar primeiro, mas ela errou a mira e acabou acertando a minha armadilha de urso, que com um pouco de força, acabei conseguindo sair de lá, mas não rápido o suficiente para desviar da segunda lança dela, que pegou no meu braço esquerdo, me fazendo gritar de dor, mas o corte podia esperar. Estava desesperada, nunca fui muito boa nessa coisa de luta corpo-a-corpo, muito menos como uma delas estava armada, então simplesmente fui desviando com muita sorte dos golpes dela, algumas vezes levando alguns socos, chutes e arranhões com a lança, algumas vezes conseguindo escapar das lanças, chutando ela para longe, contra atacando e dando cotoveladas nela, em outras palavra, estava pelo menos conseguindo me manter viva por um tempo, mas foi pouco, porque ele me derrubou no chão, me imobilizou e estava pronta para enfiar aquela estaca no meu coração. Fechei os olhos e esperei o golpe me matar, mas simplesmente nada aconteceu. Abri os olhos e vi a garota do 3 brigando com a Nara, que por sorte era boa em sair de armadilhas e agora lutava com ela com uma das suas lanças, mas estava se saindo tão bem quanto eu, então peguei a estaca que ela quase usou para me matar, lancei e a estaca atravessou seu pescoço. Logo ouvimos o canhão que sinalizava sua morte. Rápida, sem muita dor.
- Valeu- Nara agradeceu meio ofegante
- De nada. Até que a gente forma uma boa dupla- falei e sorri
- Claro. Emy e Nara, matando garotas armadas que fazem armadilhas melhor que ninguém- ela falou e nós rimos um pouco
- Muito bonitinho ver minha amiga e minha namorada se dando bem e trabalhando juntas pra matar alguém- Ouvi uma voz do alto e só depois percebi que era o Matew ainda pendurado de cabeça para o alto bem no alto de uma arvore- Mas eu ia achar ainda mais legal se alguma de vocês me ajudasse
Rimos em quanto Matew reclamava, até que recuperamos o folego,  Nara foi até a raiz da arvore onde ele estava pendurado, desamarrou a corda e foi descendo ele até que eu conseguisse desvira-lo e faze-lo  ficar de pé
- Obrigado. Mas o que aconteceu com seu braço? Não deu pra ver de lá de cima- ele falou
- A garota me acetou com a lança dela. Não foi anda dem...
Mas não adiantava, ele me fez sentar e deixar ele enrolar meu braço com o que sobrou do curativo. Depois que ele acabou, pegamos  as estacas e lanças improvisadas dela.
- Me sinto meio... Estranha pegando isso. Sei lá, quase como se estivesse roubando
- Não mais do que eu. Quer dizer eu...- Não conseguia terminar a frase de imediato, até porque o seu corpo ainda estava estendido no chão, o sangue saindo do buraco em seu pescoço e seus olhos virados e sem vida- Eu... Matei...-cada palavra parecia entalar na minha garganta
- Escuta, não foi...total culpa sua. Ou você ou ela.- Nara falou me virando de costas para o corpo- Essa é a ideia desse jogo, sermos obrigados a sermos o que não somos.
- E eu tenho certeza que você não é assim- Matew falou e me abraçou- Você é incrivel. Agora vamos sair daqui pra que ela possa voltar pra casa- ele falou no meu ouvido e eu assenti
Pegamos nossas coisas, e as poucas coisas que ela tinha (algumas frutinhas, umas armadilhas meio feitas, uma daquelas caixinhas com paraquedas com uma garrafinha de agua dentro) e quando estávamos quase saindo, me virei, tirei a estaca do pescoço dela, fechei seus olhos, murmurei um "me desculpa" e me juntei a Nara e Matew para irmos em bora. Não nos distanciamos muito e um aerodeslizador  apareceu do nada no céu e levou o corpo da garota carregando-a  para o alto e depois sumindo.
- Você fez a coisa certa- ele sussurrou no meu ouvido de novo e me deu um beijo de consolo
Continuamos andando por um tempo, e quando chegamos na praia, já não me sentia tão mal por ter matado-a. O lado bom disso, é que com a morte dessa garota, pelo menos eu acho que os idealizadores do jogos não vão precisar fazer alguma coisa maluca e mortífera para matar alguém.

Emy Off


Viller On

Ficamos a tarde toda esperando aqueles sapos voltarem, mas eles não deram mais as caras, e tenho a impressão que eles foram para outra ilha ou para o fundo do mar, esperando mais alguém fazer algum barulho ou eles ficarem com fome, o que vier primeiro. Só depois de um tempo finalmente ficamos mais tranquilos e continuamos a ficar no nosso tédio, jogando os corpos de sapo no mar, a Coliz tirando os pontos que ela fez no próprio rosto já que finalmente eles cicatrizaram, depois comemos, mas isso não durou muito porque assim que o pessoal voltou, vimos que eles pareciam horriveis e sem folego por causa da correria
- O que aconteceu?- perguntei
- Sapos... Gigantes... Dentes afiados- Ruddy falava ofegante
- Eles nos atacaram...um pouco depois de matarmos um...garoto do 12- Gerlya tentava explicar
- Então o canhão foi para o garoto do 12? E o outro?- Coliz perguntou dando água para eles
- Foi, mas não sabemos quem era o outro que veio depois- Millow respondeu e pegou a garrafa
- Cadê o Fleer?- Coliz perguntou agora mais assustada
- Não sabemos. Eles começaram anos encurralar, eram muitos, então tentamos fugir correndo, acho que ele caiu no meio da correria e não podiamos voltar para ajuda-lo...- Então Narla foi interrompida pelo som de outro canhão
- Foi-se - Ouvi Ruddy sussurrar- Temos que sair daqui... eles podem...
- Fica calmo, não vão mais voltar aqui- Falei e comecei a explicar o que aconteceu quando eles não estavam, a água borbulhando, nossa tentativa de mata-los, a ideia da Coliz de fazer barulho.
Quando acabei, ficamos um tempo em silencio, até que um aerodeslizador apareceu no céu bem longe e desceu uma garra que descia para pegar o que sobrou do Fleer, o problema é que ele teve que descer varias vezes para recolher os pedaços que sobraram, e isso fez a Narla começar a chorar, meio de medo, tristesa e tals, Até Millow acabou vomitando. Ninguem parecia muito bem hoje, sendo que só se passaram 3 dias aqui na arena
- Tenho a impressão que esses jogos vão acabar bem rapido- Coliz falou devagar com uma voz meio vazia, como se estivesse lendo minha memoria
Voltamos para dentro da Cornocópia e comemos um pouco, mas ninguem estava com muita fome, então fomos nos aprontando para dormir, até que lembrei do plano de fuga.
- Hum... Não deviamos montar guarda? Caso... Mais sapos aparecem ou tributos...
- Okay, então eu vou começar, estou sem sono mesmo- Ruddy se levantou
- Eu tambem- Narla completou
- Tá, eu e a Coliz ficamos depois de vocês- eles assentiram e fomos dormir
Fiquei um bom tempo acordado lembrando e repassando o que iria levar e para onde iriamos, mas acabei resolvendo dormir um pouco já que teriamos que andar a noite toda para ficarmos longe o alcance deles. Dormi por pouco tempo já que tive mais pesadelos do tipo que tive deis que fui escolhido como tributo, em que meu pai e meu avô eram mortos de algum jeito, dessa vez, destroçados pelos sapos pretos com dentes enormes, fazendo-os gritar de dor até que eu finalmente acordasse suando. Me levantei, acordei a Coliz e nós dois fomos pedir para Narla e para o Ruddy irem dormir, já que eles mesmo falando que estavam sem sono, pareciam a ponto de desmaiar. Ficamos um tempo parados olhando em volta em quanto esperávamos ter certeza que todos já estavam dormindo, então voltamos para dentro da Cornocópia e no maior silencio que conseguimos, pegamos o máximo de coisas que conseguimos colocar nas nossas duas mochilas sem pesar tanto (duas caixas de primeiros socorros com poucos remédios, carne seca, frutas, três garrafas de água, algumas bolachas, algumas armas extras, um tridente para mim e um sinto repleto de facas para Coliz), verificamos em silencio se realmente estavam dormindo e finalmente partimos meio correndo meio andando.
Minha ideia era ir para a Ilha do Sul já que eles tinham perdido o Fleer lá então não iriam voltar, e como a Cornocópia era virada para o norte, foi fácil saber para onde íamos. Passamos pela selva que rodeava a Ilha do centro onde estávamos em um pouco mais de tempo do que pensávamos, já que tentávamos tomar cuidado com o que podia estar a frente, fora que não conseguíamos ver nada, mas chegamos a praia depois de um tempo. A água escura que nos separava da Ilha do Sul estava quente por conta do clima e a arei tornava a caminhada fácil, mas foi realmente difícil fazer Coliz entrar na água, porque por mais que eu soubesse do seu medo, isso não ajudou muito

- Escuta, temos que nos distanciar, vão nos achar e nos matar se ficarmos aqui.
- Não me importo, prefiro morrer na mão deles do que...- a frase morreu na boca dela
- Tem certeza? Porque acho que vão se sentir traídos quando perceberem que fugimos, ainda mais agora que o Fleer acabou de morrer, e você já viu a imaginação deles na hora de acabar com alguém, especialmente a Gerlya que tem uma linda amizade com você, não é?
Ela ficou em silencio e parada, não fez nada, mas pelo menos quando eu peguei no braço dela e fui a arrastando pela água, ela não lutou nem reclamou, apenas não se mexia sozinha com medo que o trauma dela pudesse se repetir. Não a culpo, também fiquei chocando e apavorado quando soube o que aconteceu com meu pai naquele dia, mas tenho certeza que foi mil vezes pior para já que viu a coisa toda bem de perto, já que perdeu os dois pais e eles tiveram uma morte muito pior que a do meu.
Assim que saímos da praia ela voltou a se mexer e a anda até mais rápida que eu, agora que lembrava que precisava-mos ficar o mais longe possível. Andamos por um bom tempo até começarmos a ficar cansados e com sono, mas Coliz fazia questão de andarmos um pouco mais sempre que parávamos. Um tempo depois, a insignia da Captal apareceu no céu e nós dois paramos para ver que tinha morrido hoje. Primeiro uma garota do 3 apareceu, então Fleer com os cabelos e os olhos escuros e o rosto de garoto levado, depois o rosto do garoto do 12 e ino começou a tocar e o céu voltou a ficar escuro. Ficamos lá, deitados por um bom tempo, tentando decidir se dormíamos ou não, até ouvirmos alguma coisa mais ao longe. Nos levantamos rápido e olhamos em volta. Passos e vozes baixas vinham não muito longe de nós, e tinha certeza de que era mais de dois, ou seja, se nos achassem, morreríamos por conta da indisposição. Até perceber que essa podia ser nossa chance. Talvez podíamos nos juntar a eles e assim ficarmos mais protegidos e numerosos do que os carreiristas, quem sabe até caça-los mais tarde se quiséssemos, e então acabar com eles. Era meio frio pensar assim, mas era um jeito de nos mantermos vivos por mais tempo, então fiquei lá, em silencio, esperando eles virem, tentando não parecer tão acabado, mas nem precisei tanto, porque assim que vi eles, percebi que estavam piores que nós
Uma garota pequena de cabelos castanhos do distrito 10 que parecia muito cansada, um garoto do 11 que parecia mais pálido do que me lembrava, o pescoço enrolado em ataduras que estavam encharcadas de sangue e que se apoiava numa garota que devia ser do distrito dele, com cabelos castanhos, magra com uma parte do braço tambem enfaixada, mancando um pouco. Esses eram as pessoas que encontramos, e que assim que nos viram, não tiveram outra reação se não apenas ficar nos encarando, já que estavam armado apenas com estacas e lanças feitas de galhos.
- Coliz?- ouvi a garota do 10 falar baixo
- Nara! E... VOCÊ!- Coliz falou e se virou drasticamente para o garoto do 11
- Ora ora, parece que você conseguiu se virar bem, quatro- O garoto falou com um sorriso de deboche
A partir dai não intendi mais nada. Coliz se tacou em cima dele e os dois começaram a brigar ferozmente em quanto a garota do 11 e eu tentávamos separa-los até que finalmente consegui imobilizar a Coliz e o garoto ficou atras da garota do distrito dele. Coliz praticamente espumava de raiva e se agitava tentando escapar e acertar o garoto
- Me solta! Deixa eu terminar o que comecei com esse imbecil! Falta só mais um pouco pra cabeça dele sair do pescoço!- ela gritava indignada
- Tenta e eu juro que faço com seu outro olho o que não consegui fazer com esse ai todo costurado!!- Ele gritou de volta.
Fiquei segurando a Coliz até que ela se acalmou, mas mesmo assim depois que ela levantou eu continuei segurando o braço dela, já que os dois ainda pareciam a ponto de se tacar um em cima do outro de novo.
- Vocês não são carreristas?- A garota do 11 finalmente perguntou depois de um bom tempo em silencio
- Eramos, mas não confiamos muito neles- respondi ainda avaliando eles- Parece que precisam de ajuda
- Vocês também não parecem muito melhores- A garota do 11 rebateu
- Talvez, mas realmente prefiro continuar sozinha- Coliz falou e se virou para mim- Vamos acabar logo com isso, Viller
- Como assim ?- perguntei, porque tinha a intenção de me juntar a eles, não a mata-los
- Você achou mesmo que íamos nos juntar a eles? Uma garota desnutrida toda esfolada, uma outra que não consegue nem lançar uma lança direito e um garoto mais esfolado ainda que eu quero morto a dois dias? Acho que faz muito mais sentido  acabar logo com eles já que estamos em melhores condições e assim teríamos menos inimigos- Ela falou fria e com raiva, fazendo os outros começarem a ficar em posição de ataque
Olhei para o pequeno grupo que tínhamos esbarrado. Okay, não era exatamente a melhor ideia que já tive, e estávamos realmente em condições de acabar com eles, mas os pontos positivos se sobressaiam aos negativos.

- Licença um minuto?- falei para eles e andei um pouco mais para longe dele e levei ela até atraz de uma arvore para que eles não nos ouvissem e cochichei- Escuta, sei que esta com fome e cansada, mas precisamos do máximo de ajuda que conseguimos...
- Deles? Não, obrigada, dispenso- ela falou meio revoltada
- Ei, quer que os carreristas ganhem de novo? Nós temos o que eles precisão e eles tem o que nós precisamos
-Como por exemplo...?- ela perguntou e cruzou os braços num ar de desafio
- Reforço. Geralmente o pessoal do 11 sempre sabe onde achar comida
- Nós temos comida- ela rebateu
- Mas acha mesmo que vai durar o jogo todo? Podemos até conseguir comida no mar, mas e se toparmos com os carreristas? Com os sapos outra vez? Temos mais chances com eles do que sem.
- Podemos nos proteger e fugir sozinhos
- É mesmo? Por quanto tempo?- agora eu falava com tom de odio e desafio
- E então? Vão ficar ai por quanto tempo?- Ouvimos o garoto do 11 gritar do outro lado
Ele me encarrou com raiva uma ultima vez e gritou de raiva

Saímos de traz da arvore, voltamos até ele, e a muito contragosto de Coliz, acabamos falando para eles sobre nossas condições e os beneficios de se juntarem a nós, afinal, eramos os melhores em luta entre eles, estávamos menos machucados, tínhamos comida e remédios. Eles ficaram meio relutantes no começo, mas logo acabaram concordando. Andamos mais um pouco em silencio pela selva, Coliz na frente para cuidar do caminho e nos proteger, A garota do 10, a garota e o garoto do 11 e depois eu para ver se alguma coisa estava atrás de nós. A selva escura que nos rodiava parecia especialemente quente naquele dia, mas os sons de insetos e animais não pareciam tão altos quanto nos outros dias, e eu podia sentir todas as câmeras focadas em nós, apenas esperando que começássemos a nos matar ali mesmo. O clima continuava tenso, podia sentir Coliz xingando o Garoto do 11 mentalmente, assim como ele, alem da respiração forçada de cansaço de todos os outros. Depois de um tempo, não sabia o que me incomodava mais, o suor ou os meus pés que formigavam. A Garota do 10 acabou caindo no chão de cansaço e o garoto do 11 também havia caído pela 5° vez, eu estava andando a tropeços e eu já começava a ver as ataduras que envolviam os pulsos escondidos por de baixo das luvas da Coliz começarem a ficarem manchadas, então resolvemos parar e descansarmos. Nara me mostrou uma maneira de cavar uma especie de trincheira para nos escondermos em baixo das grandes raízes e nos mantermos frescos( já que por alguma razão, a terra era úmida e fresca) em quanto Coliz separava o que iriamos comer e a garota do 11 aplicava os remédios no garoto do seu distrito e nela, as vezes na outra garota também. Terminei de cavar e começei a comer com todo mundo,ninguém falava ou olhava para ninguem, e quando acabamos, começamos a tentar decidir que montaria guarda
- Pode deixar que eu fico,estou sem sono e tenho que terminar de cuidar do Matew. Ainda preciso cuidar do corte no pescoço dele- A garota do 11 falou e ai eu percebi o quanto sujo e molhado de sangue as ataduras estavam
- Nem pensar, você esta exausta. Posso fazer isso sozinho.- O garoto do 11, Matew, retrucou
- Sim, mas não vai conseguir fazer direito se não consegue nem ver!- A garota retrucou
- Não seria melhor que a Coliz fizesse isso? Afinal, se ela consegue fazer isso no proprio rosto, vai conseguir em você- A garota do 10 sugeriu
- Por mim vai ser um prazer- Coliz respondeu com um olhar maldoso e malicioso- Mas não vou ficar de guarda. Preciso dormir
- Tá, eu e a... Desculpa, não sei seu nome- Falei e me dirigi a garota do 11
- Sou Emy- Ela falou se levantou para apertar minha mão- É, acho que vai ser melhor assim
Todos concordaram, então Coliz foi cuidar do corte do Matew e eu e a Emy fomos montar guarda. Ouvíamos Matew reclamar de dor em quanto Coliz fechava o corte, o que gerava mais reclamações de Emy de que ela deveria ser mais cuidadosa e delicada, mas ela retrucava falando que estava fazendo o máximo que podia para tomar cuidado, o que era verdade, já que ela fazia exatamente o que fez com o rosto dela e eu sabia que nada podia tornar a dor menor, mas a felicidade e a satisfação dela eram evidentes cada vez que ela fazia mais um ponto e se forçava a não rir. Finalmente, ela acabou, deu a e ele um analgésico em pilula e enrolou o pescoço dele com ataduras e foi dormir. deixando eu e a Emy em uma patrulha silenciosa.

Viller Off

domingo, 12 de outubro de 2014

Sobrevivencia Desesperada- Capitulo 5

Matew On

A selva era escura, quente e assustadora. Os sons que vinham de mais de dentro da selva era realmente estranhos, provavelmente de animais modificados pala Capital, mas era assustador imaginar que algum deles podia resolver fazer uma boquinha a noite. Mas uma coisa me deixava inquieto, era que Emy estava viva, ou seja, podia sair a procura-la agora mesmo, pouco importava se estava com sono ou sede, já que não achamos água fora a água salgada do mar. Mas eu sabia que tinha que me controlar, que tinha que pensar no que fazia, afinal, não ia conseguir acha-la se ficasse andando a noite, podia encontrar carrerista, me perder, e sabe-se lá o que mais. Não, eu vou esperar amanhecer, e ai sim, nada vai me impedir de achar ela.
Esse é meu problema. Tudo que faço em relação a Emy é por impulso, instinto, vontade de protege-la e ficar com ela, sem pensar muito, sem nem querer saber se vou me ferrar, por que se ela estiver bem e comigo tanto faz o resto. Ela é meu unico, grande, perfeito e maravilhoso problema, mas ainda era um problema.
Fiquei de tocaia por um bom tempo, meio inquieto por causa dos pensamentos e dos barulhos da selva, então acabei indo fazer uma armadilha com uns cipós das arvores que achava para ver se na manhã seguinte teria sorte. Fiz uma armadilha simples a alguns poucos metros de distancia voltei a ficar de tocaia perto da Nara. O tempo foi passando e por mais que eu tentasse, meus olhos começaram a ficar pesados e quase não ma aguentava em pé, e por mais que eu odiasse a ideia de acordar Nara, que dormia tão tranquila no saco de dormir, sabia que tinha que dormir ou não conseguiria ficar acordado ou prestar atenção em nada, e nos jogo isso pode custar sua vida. Acordei a Nara, que não ficou brava por precisar ficar de ronda, então eu me aconcheguei no saco de dormir e dormi em questão de segundos.
Quando Nara me acordou, o sol já estava brilhando no seu meio roxo meio rosa do amanhecer.Me levantei, comemos as frutas secas e eu começei a procurar por raizes, frutas ou plantas comestiveis, já que fiz isso minha vida inteira, mas esse não é um ambiente da qual estou acostumado, as plantas e arvores me parecem estranho, e apenas alguns cantos de passaros me parecem familiares, mesmo assim consegui com muito esforço achar algumas raizes e algumas frutinhas vermelhas, e como alguns esquilos estavam comendo, achei que não deviam ser venenosas, para comer mais tarde, mas o que mais prescisavamos era de agua, uma coisa que não achamos nem rastro. Fui olhar a armadilha que fiz na noite passada, mas nenhuma sorte, estava vazia, então arrumamos as coisas e começamos a andar, tanto para achar agua, quanto a Emy.
Já estavamos andando por algum tempo quando de repente ouvimos um grito alto, proximo e agudo. Tinha certesa que era a voz de Emy. Desesperado começei a correr o mais rapido que consegui na direção do grito, deixando Nara para traz, tentando chegar até Emy. Logo A vi de longe, correndo na minha direção com uma cara de assustada, e atras dela estavam o garoto do 1, os os dois do Distrito 2 e a garota do 4, todos com uma cara maliciosa e animada
- Volta aqui, fofinha!- gritou a garota do 2, segurando sua espada
- Nem começamos a nos divertir!- falou o garoto alto e meio forte do 1, que segurava uma lança, e começou a rir
Ouvi elas gritando a palavra "corre" e assim que ela estava perto de mim, começei a correr tambem. Mesmo que elas estivesse atraz dela, duvido que fossem perder a oportunidade de acabar com outro tributo. Continuei a correr o mais rapido que podia, mas eles começavam a chegar cada vez mais rapido. Nara apareceu mais a frente, e depois que viu a situação, ela correu para a direção oposta.
- Siga a Nara! Eu vou tentar distrair eles!- gritei para Emy, que acenou com a cabeça e correu para a esquerda em quanto eu fui para a direita.
A garota do 4 e o garoto do 1 me seguiram em quanto o garoto e a garota do 2 foram na direção da Emy e da Nara. Em quanto corria, podia sentir eles chegando cada vez mais perto, até que uma faca passou raspando pelo meu pescoço e fez um corte bem fundo se abrir, mas não sentia dor por conta da adrenalina  e não diminui o ritmo da corrida
- Merda, errei!- ouvi a garota gritar e pegar mais uma faca
Precisava pensar em alguma coisa. E rapido. Algo que os atrasasse ou...
Começei a correr para outra direção e os carrerista foram me seguindo. O plano era simples, chagar até onde nós acampamos noite passada e tentar fazer com que eles caissem na minha armadilha. Por sorte não estava tão longe do lugar, porque logo reconheci o arbusto grande e estranho que ficava do lado da armadilha. Fui correndo na direção dela e quando estava um pouco antes dela, pulei por cima da armadilha, corri mais um pouco e olhei para traz. A garota do 4 tinha prendido a perna e caido de boca no chão, em quanto o garoto do 1 tropeçou nela e tambem caiu. Isso me deu tempo, mas pouco porque a garota do 4 pegou uma das facas dela, cortou a armadilha, o garoto do um se levantou (com sangue escorrendo do nariz) e voltaram a correr. Mas o tempo foi suficiente, porque consegui me esconder de baixo de uma das raizes grandes de arvore, bem quando eles apareceram. Meio atordoados ainda, eles pararam e olharam ao redor, procurando som de alguem correndo ou qualquer sinal meu
- Vai por ali que eu vo por lá- ouvi o garoto falando e os dois saindo meio correndo meio andando. Uma coisa boa foi que o garoto foi  para a direção oposta de onde eu estava e se afastou rapidamente, mas a garota vinha na direção do meus esconderijo. Fiquei parado esperando ela passar, mas uma hora ela parou praticamente na minha frente e ficou olhado em volta. Era minha chance. Pulei em cima dela e a derrubei no chão, mas ela era rapida, pegou uma faca e tentou me acetar, então sai de cima dela para não ser cortado pela lamina. Continuamos brigando, ela tentando me atingir com a faca, até que eu finalmente consegui agarra-la e joga-la longe
 
 Ela levantou e jogou a faca, que passou raspando pala minha cabeça e se fincou na arvore atraz de mim. Em quanto tirava a faca da arvore, a garota do 4 já pegava outra faca do cinto dela e me atacava. Mais uma vez desviei e contra-ataquei mirando no olho dela, mas só consegui abrir um corte bem fundo no rosto dela, que por pouco não a deixou cega. Ela gritou de dor.
- Coliz? Coliz!- ouvi o garoto do 1 gritar. Ele estava perto
Aproveitei que ela estava abaixada no chão reclamando de dor e corri para a direção oposta da voz do garoto. Por mais que estivesse quase sem folego, continuei correndo o mais rapido que podia, me distanciando e temendo que estivessem ainda atraz de mim. Metros e mais metros depois, eu fui puxado por um braço, me desequilibrei e cai em uma das raizes de arvore. Olho para cima e vejo Emy e Nara.
- Onde eles estão? Eles estão vindo?- Emy pergutou para mim rapido e assustada
- Machuquei... a ga...garota do 4... e...despistei o... garoto do 1- falei tentando respirar. mas o ar parecia simplesmente não me ajudar
Elas deram um susupiro de alivio e sentara na minha frente, em quanto minha respiração começava a voltar ao normal. Emy se virou para mim e seu rosto calmo e aliviado tornou a ficar assutado e preocupado em segundo
- Que sangue é esse?!- ela perguntou apontando para minha camisa, que estava manchada de vermelho vivo
- Não é meu sangue- falei- é da garota do 4
- E esse saindo do seu pescoço?- ela passou a mão dele e eu comecei a sentir dor
- Ta, esse é completamente meu-felei
Agora que começava a me acalmar, a adrenalina foi embora e a dor dos machucados, arranhoes e hematomas começava a ficar cada vez maior.
Emy pegou um pedaço de musgo de uma pedra e apertou no meu pescoço. A dor foi horrivel e eu acabei soltando uma reclamação
- Ela cortou a a arteria principal onde passa mais sangue. Tenta estancar isso ai antes que você perca mais sangue.- ela falou e deixou o pedaço de musgo para que eu segurasse
- Mas vocês estão bem?- perguntei tentando suportar a dor
- Quase ilesa. Nos ralamos um pouco, mas acertaram a Nara com um daqueles bumerangues estranhos com laminas- ela falou e então eu vi no braço dela um grande corte que sangrava muito
- Nós nos livramos deles nos escondendo no lugar onde durmimos ontem, e quando eles estava quase nos achando, ouviram um grito e foram correndo ver o que era. Saimos de lá e nos escondemos aqui pra te esperar- Nara falou
- Era a garota do 4- falei e começei a explicar para elas. Em alguns poucos minutos já tinha contado tudo que tinha acontecido e o corte que fiz nela
Ficamos lá por mais um tempo. Comemos as raizes e  as frutinhas vermelhas que achei mais cedo e tomamos o pouco de agua que a Emy ainda tinha. Ela falou que achou um riacho na ilha que fica no Leste e que podiamos ir lá para aranjar mais agua. Então decidimos que iriamos para lá, arrumamos nossas coisas e começamos a seguir a bussola em direção Leste.
Em quanto caminhava, me perguntava como estava a garota do três e se eles viriam atraz de nós.
Matew off

Coliz On


Nunca sinti tanta dor. O sangue quente escorria do meu rosto e deixava meu olho ardendo e sem ver nada. Quando gritei, Millow, o garoto alto, forte do 1, apareceu, mas  o garoto do 11 já tinha fugido. Não só ele como o Ruddy, o garoto baixo, moreno do 2, e a Gerlya, a garota mais ou menos da minha idade cabelos ondulados castanhos e chata do 2, apareceram para ver o que tinha acontecido.
- Ah, droga era só você- Gerlya falou meio decepcionada- Sabia que quase pegamos aquelas garotinhas?- ela falou com tom de raiva
- Sabia que estou sangrando e quase arrancaram meu olho?- falei quase gritando com ela
- Parem, vocês duas. Vamos voltar para a Cornocopia, prescisamos descançar e eu já estou ficando com fome.
Todos concordamos e fomos andando de volta para a Cornocopia. Ruddy teve que me ajudar na parte de andar já que meu pé doia e não conseguia ver, mas por sorte mesmo ele sendo baixo, ele era forte e conseguiu me ajudar. A cada meia hora, Gerlya ficava reclamando que estavamos muito longe e que quase matou aqueles garotos com aquela voz desafinada e enjoada dela. Juro que se não fosse pelos outros, já tinha matado ela a muito tempo, mas os outros ainda estavam desconfiando um pouco de mim. Em algum momento da nossa caminhada, ouvimos o tiro de um canhão que sinalizava que alguem morreu, e eu torcia com toda vontade que tivesse sido o garoto do 11 que morreu pela perda de sangue, porque deis de que saimos daquele lugar, eu xingava, reclamava e falava todos os palavrões que conhecia baixinho ou na minha cabeça, por que juro que vou me vingar daquele imbecil.
Quando eles me aceitaram como carrerista, fizeram isso por causa da minha ahabilidade mas tava na cara que não confiavam muito em mim, mas acabei conseguindo faze-los relaxar com a ajuda do Viller, que tambem tinha entrado no grupo. O bom disso é que temos muita comida, agua e armas, ou seja, pude pegar um monte de facas só para mim já que ninguem mais sabe usar alem de mim, e um sinto especial só pra carrega-las de forma que possa tirar e lançar com facilidade. Mas no momento, o que eu mais quero é o kit de primeiros socorros que tem lá
Chegamos lá quando o sol já quase sumira. Viller, Narla, que era uma garota alta, loira e forte do 2, e  o garoto do 6 chamado Fleer, que ficaram lá vigiando o lugar em quanto saimos para caçar, nos recepicionaram com a noticia de que tinha conseguido pegar o garoto do 8. Isso explica o som do tiro de canhão, o que me deixou meio desapontada, mas já era um começo.
Em quanto os outros começavam a comer, eu peguei o kit de primeiros socorros, limpei o ferrimento e passei uma pomada que fez meu rosto doer ainda mais para ver se melhorava, mas depois de um tempo cheguei a conclusão de que ele não se fecharia sozinho, então sentei no chão em frente ao escudos de metal que tinhamos, e com a ajuda de uma agulha a linha que achei na caixinha, eu começei a costurar o ferimento, o que de longe foi pior do que resceber o golpe. A cada ponto que eu dava, um leve gritinho, gemido ou reclamação escapava da minha boca por conta da dor, e sangue manchava mais ainda minha roupa, mas depois de alguns longos, sofridos e torturosos minutos, eu finalmente acabei, ficaram meio mal feitos, mas acabei, tomei umas pilulas anestésicas que achei para aliviar a dor e tentei limpar um pouco minhas mão e meu rosto no mar, mas meu rosto ainda estavam sensiveis, então deixei meio machado de sangue mesmo
- Minha nossa- Exclamou Millow quando me juntei a eles para comer
- Você ta horrivel! Que nojo!- Gerlya falou enojada fazendo uma careta para mim

Juro que só não começei a xingar ela, porque qualquer movimento do meu rosto era dolorido, então simplesmente me sentei em silencio e comi o que tinha. Maças, carne seca, cereais e um pouco de agua. O unico bom agora é que alem de estar de barriga cheia, os machucados que consegui no Banho de Sangue no começo dos jogos já sumiram graças aos remedios da capitais. Quando chegou a horas de nós dormimos, falei que não ia conseguir dormir então ia ficar vigiando primeiro e mesmo com a relutancia deles, acabaram aceitando, já que Viller ficaria tambem
Ficamos lá, eu e o Viller me silencio por um tempo até que ele perguntou:
- Você confia neles?- ele falou sussurando por não estarmos tão longe assim de onde todos dormiam
- Nem um pouco, e você?
- Tambem não. Escuta, pensei em nós dois fugirmos, roubarmos algumas coisas e irmos o mais longe que conseguirmos
- O que? Agora?- Falei surpresa. Não imaginava que ele fosse sugeriri uma coisa dessas já que parecia se dar bem com eles
- Não, mais tarde. Podemos ficar de guarda amanhã a noite de novo e quando tomos estiverem saindo,nós sumimos de vista, vamos para bem longe.
Ele olhava esperansoso para mim, porem duvidoso, pois sabia que se ele saisse sozinho ia morrer na certa, mas juntos podiamos despista-los. Fiquei em silencio por um tempo, até que respondi
- Por que não? É uma boa ideia. Então fujimos amanhã. Mas por que não matamos todos agora? Podiamos ficar com tudo para nós é seria melhor
- Mesmo estando dormindo, eles vão acabar acordando e não vamos conseguir matar todos sem morrer. São 4 contra 2, é suicidio tentar. Alem do que,  se eles continuarem assim, vão acabar eliminando outras pessoas, ainda mais se não conseguirem nos achar, e assim eliminando nossos concorentes tambem.
Pensei um pouco e concordei. Ele estava certo, era melhor simplesmente sairmos de cena. Já estava começando a ficar com sono, então fui acordar um deles para ficar no me lugar. Mesmo dormindo em um saco de dormir, me senti desconfortavel, e ainda sentia dor no rosto, então demorei um pouco pra dormir, mas finalmente consegui
Tive pesadelos de que uma faca estava cortando todo meu rosto sozinha, manchando minha visão de vermelho, e logo depois sou lançada no mar sem conseguir nadar ou respirar, e vou caindo, deixando a superficie cada vez mais longe, até que finalmente acordo suando. A dor do meu rosto na verdade melhorou, e quando olhei meu reflexo no escudo outra vez, podia ver que os pontos e o remedi ajudaram a fechar um pouco o corte, mas não o suficiente para tirar a linha. Quando acordei, Fleer, Ruddy e Narla já estavam de pé, comendo juntos
- Bom dia, Frankenstain- falou brincando
- Cala a boca- Falei mal humorada e peguei uma maça- Vocês estão pensando em sair pra caçar hoje de novo? -perguntei para eles
- Sim, vamos eu, o Millow, o Ruddy, a Gerlya e você.- Fleet falou
- Me tira dessa, vo dar não acho que vou servir para alguma coisa desse jeito, não conseigo nem ver direito ainda. Pode ir no meu lugar, Narla?- perguntei para Narla, que pareceu impolgada com a ideia
- Okay. Acho que vou acordar eles, daqui a pouco nós vamos sair e ver se conseguimos matar alguem- falou o Ruddy se levantando para ir acordar  Gerlya, Millow e Viller
Eu odiava isso. Eles falavam em matar pessoas como se fosse a coisa mais normal do mundo, como se não fosse nada, como se estivessem simplesmente matando insetos, como se.... Emfim, era repugnante. E o pior foi o dia em que eles começaram a falar de maneiras de matar, esquartejando, cortando a cabeça fora (esse era o preferido do Millow), ou simplesmente deixa-lo sangrando até morrer. Mesmo eles sendo treinados para matar e lutar deis de pequenos, isso era algo assustador, uma das razões para não conseguir confiar neles.
Em uma hora, todos já estavam acordado, prontos e já começavam a fazer suas coisas, assim eu fiquei na Cornocopia com Viller, passando mais uma camada de remedio no meu corte e tentando arranjar o que fazer. Ficamos lá, por horas e horas, brincando de acertar coisas de longe eaté de jogar coisas no mar o mais longe possivel
- Joguei mais longe- Viller falou depois de tacar uma conchinha no mar
- Nadaver, eu joguei bem mais longe que isso!
- Ta bom então- ele falou, se abaixou, pegou uma pedrinha e deu para mim- Prove
Peguei a pedra e joguei com toda força no mar, e ela foi quicando até bater em alguma coisa e afundar.Não deveria ter afundado, alias, não devia nem ter algo para bater, então minha reação foi ficar olhando, esperando para ver se conseguia olhar no que ela tinha batido. No começo não aconteceu nada. Podia ser apenas uma pedra, uma parede de corrais, ou... ou...
- O que é aquilo?!- Viller perguntou

O lugar onde a pedra tinha caido começava agora a borbulhar, e alguma coisa viscosa, gosmenta e cinzenta começou a emergir do mar e vir na nossa direção, um não, uns varios. Segurei o braço de Viller e o arrastei para fora do mar, já que ele parecia hipnotizado pelo que estava acontecendo. Corri até a entrada da Cornocópia e depois olhei para traz de onde as coisas saim. No começo me pareceu apenas uma gelatina ambulante, mas a forma viscosa foi tomando forma até que as pernas e braços finos demais para o corpo gordo e pesado ficassem reconheciveis. Olhos grandes e pretos, apenas bolas enormes, opacas e brancas que prendiam de cada lado da pequena cabeça do animal que agora me lembrava muito um sapo gigante e preto como carvão. A boca que abria e fechava deixava bem amostra os grandes e pontudos dentes que pareciam ocupar toda a boca, como um tubarão. Um bestante simlesmente assustador.
Bestantes são animais que a Capital muda geneticamente até atingirem uma forma monstruosa e mortal, sendo ela uma ave, uma mamifero, lagarto ou qualquer coisa que possa se locomover sozinha e são bem comuns e usados durante os jogos para torna-los mais interessantes, mas nunca havia visto nada parecido.
Os Bestante-Sapo, que agora se esticavam até ficar maios que eu, pulavam na direção de mim e de Viller. Me virei, peguei algumas facas e começai a taca-las nos sapos, em quanto Viller usava uma lança para mante-los bem longe de nós. Assim que eles chegaram perto demais, resolvi pegar uma espada e acabar com eles, um por um, arrancando suas pequenas cabeças ou cortando-os até que todo o sangue roxo deles saisse do seu corpo. Eu e Viller continuavamos lutando, mas ficavamos cada vez mais cansados, cada vez mais machucados e cada vez mais incurralados pelos Sapos. Tinhamos que achar um jeito de acabar logo com aquilo, mas como? Podiamos continuar tentando matar todosum por um até não sobrarem mais, mas eu sabia que se fizessemos isso  seria só uma questão de tempo até que eles nos derrubassem e nos comessem vivos. Tinha que ter outra coisa. Foi ai que percebi
Sem querer, havia tacado uma das armas para longe, e assim que ela caiu no chão, alguns deles começaram a ir na direção da arma, mas a maioria continuava a tentar nos mordes e esmagar com seus corpos enormes. Claro, é por isso que tinham os olhos brancos e pastosos como leite. Eram cegos, e se orientavam pelos sons a sua volta, já que sua audição deveria ser altamente sensível a qualquer ruido, especialmente ao barulho da minha arma cortando os corpos dos seus amiguinhos. Podia usar isso contra eles?
- Viller! Tive uma ideia!- gritei bem alto para que ele ouvisse, porque alem de estarmos um pouco longe um do outro, os sapos começaram a prouduzir um som entre um coaxado e um grito estridente
Peguei um dos escudos que tinhamos e com toda força, começei a bater nela com a espada, produzindo um som alto e metalico. Na mesma hora, os sapos gigantes começaram a se afastar, sacudindo suas cabeças meio atordoados pelo som. Viller pegou outro escudo e bateu nele com seu tridente. Os sapos estavam se afastando mais ainda, mas prescisavamos que eles fossem embora, ou que suas caças estourassem com o barulho. Começei a gritar o mais alto que conseguia na direção deles, assim como Viller, e os Sapos Gigantes começaram ou a cair mortos no chão ou a pular para o lado oposto. Um tempo depois, todos os sapos que sobraram sairam correndo pela praia tentando fugir do barulho, e só paramos de gritar e bater nos escudos um tempo depois que eles sumiram da nossa vista
Cansados e com a garganta doendo, nos sentamos no chão ofegantes.
- Detestos sapos- Viller falou meio rouco
- Somos dois- concordei
Coliz Off